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terça-feira, 20 de abril de 2010

SÚPLICA...



Eis-me prostrada sobre a terra,

ainda húmida do orvalho da noite.

Sinto-lhe o cheiro forte e doce,

este cheiro que me conduz

a um tempo que desconheço,

a lugares nunca visitados,

a experiências nunca vividas,

a memórias imemoráveis,

a um sino que toca na escuridão,

a pedras soltas,

ruínas,

heras cobrindo muros...

Não sei onde estou,

não sei o que sou,

não sei...

O que queres de mim, terra,

que me chamas com o teu odor, forte e doce...?

Por que me arrastas

para estas desconhecidas lonjuras? ...

Deixa-me voltar

para o meu universo

feito de silêncios e sons,

de luas e sóis,

e desta flor que

desabrocha todas as manhãs,

no meu olhar...

3 comentários:

  1. Belo poema e dir-lhe-ia: deixe-se ir com a Terra e seja com ela fecundada por todas as impulsões subtis e profundas que o Espírito lhe vá mostrando ou segredando, pois o seu olhar sorridente até desabrochará mais luminoso, em especial nas albas matutinas perfumadas pelo orvalho rosado celestial...
    Bem aventurados os que se conseguem prostrar-se sobre a terra e fazerem-se um com o humus dela, humidificando as suas almas e sentindo nelas gerar-se o divino...

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  2. Obrigada, Pedro, pelas suas palavras, tão belas, tão acalentadoras. O que escrevi é exactamente a expressão do que sinto. Esta atracção inexplicável. Sou uma partícula do Universo. Isso eu sei. Tenho com ele um compromisso. Esse é que ainda não sei. Mas continuo a minha busca, que me parece eterna.

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