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sábado, 16 de janeiro de 2010

AS HISTÓRIAS MALUCAS DE TÓZEZINHO DE ALENCAR

Chamam malucas às minhas histórias. Mas deixem falar quem tem língua comprida. Eu cá não me ralo. Não vim criticar isto ou aquilo. Pediram-me apenas para contar histórias cá à minha maneira. E eu vou contar uma, e acreditem ou não acreditem, ela é verdadeira, pois passou-se bem à frente do meu nariz, lá para as bandas de onde eu moro, no Largo do Chafariz.
Esta é a história do cão mandrião, que passava o dia a fingir que dormia, à beira da Loja do Salsicheiro.

Ai que trapaceiro!
Com um olho dormitava. Com o outro, ele espreitava. E o Salsicheiro, volta e meia, e meia volta, tropeçava no rabo do cão e este gania, gania até fazer doer o coração. E, com feitiço nos olhos, o cão olhava o Salsicheiro como quem diz:

— Sou tão infeliz! Pisaste-me o rabo, ó seu diabo! Hás-de ir pró inferno!

E o Salsicheiro, já nisto vezeiro, dizia furioso:

— Está bem, está bem, eu cá me governo! Mas pára com isso!
E o espertalhão do cão ganhava um chouriço.

E todos os dias, isto acontecia. E o Salsicheiro não se apercebia de que o cão mandrião este truque fazia, porque já sabia do seu fraco eterno: o medo que tinha de ir para o inferno.




E assim, todos os dias, de feitiço em feitiço, o espertalhão do cão mandrião ganhava um chouriço.