Chamam malucas às minhas histórias. Mas deixem falar quem tem língua comprida. Eu cá não me ralo. Não vim criticar isto ou aquilo. Pediram-me apenas para contar histórias cá à minha maneira. E eu vou contar uma, e acreditem ou não acreditem, ela é verdadeira, pois passou-se bem à frente do meu nariz, lá para as bandas de onde eu moro, no Largo do Chafariz.
Esta é a história do cão mandrião, que passava o dia a fingir que dormia, à beira da Loja do Salsicheiro.
Ai que trapaceiro!
Com um olho dormitava. Com o outro, ele espreitava. E o Salsicheiro, volta e meia, e meia volta, tropeçava no rabo do cão e este gania, gania até fazer doer o coração. E, com feitiço nos olhos, o cão olhava o Salsicheiro como quem diz:
— Sou tão infeliz! Pisaste-me o rabo, ó seu diabo! Hás-de ir pró inferno!
E o Salsicheiro, já nisto vezeiro, dizia furioso:
— Está bem, está bem, eu cá me governo! Mas pára com isso!
E o espertalhão do cão ganhava um chouriço.
E todos os dias, isto acontecia. E o Salsicheiro não se apercebia de que o cão mandrião este truque fazia, porque já sabia do seu fraco eterno: o medo que tinha de ir para o inferno.
E assim, todos os dias, de feitiço em feitiço, o espertalhão do cão mandrião ganhava um chouriço.
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sábado, 16 de janeiro de 2010
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