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sábado, 27 de outubro de 2012

O ABISMO ATRAI O ABISMO…


 
Caminhava no escuro como um cego.

A rua era comprida. Demasiado estreita. Viscosa. Parecia até habitada por morcegos, que gritavam quando ouviam os seus passos, secos, a agredir as pedras, molhadas pelas brumas que por ali se enredavam. Não havia Lua. Não havia estrelas. Não havia sequer uma luz acesa. Todas as janelas das casas estavam fechadas. Pelas frinchas espreitava a escuridão.

Ela procurava a Voz. Uma velha, muito velha, dissera-lhe para seguir por aquela rua. Aí encontraria, certamente, essa Voz. Claro que não era uma voz qualquer. Mas porquê numa rua tão escura, tão estreita, tão viscosa, habitada por morcegos, que gritavam ao ouvirem os seus passos?

Continuou a caminhar como se flutuasse. Não via absolutamente nada. Não, ela não sentia medo. A sensação era outra. Era como se o seu próximo passo fosse lançá-la num abismo. Por isso, caminhava com cuidado. Continuava a ouvir os gritos dos morcegos, mas não os via. Talvez nem fossem morcegos. O que sabia ela dos seres noctívagos? Nada. Não sabia nada. Absolutamente nada.

E o que era ou de quem era a Voz que ela procurava? Também não sabia. Então o que fazia ali? Questionou-se. Na verdade, precisava de ouvir a Voz. Foi o que a velha, muito velha lhe aconselhara. E apenas naquela rua, comprida, estreita e viscosa, a encontraria.

De súbito, um cântico semelhante àquele que os pescadores dizem ser de sereias que vagueiam no mar, despertou-lhe os sentidos. Um cântico que nos atrai para um determinado lugar. Que nos impele. Que nos seduz. Que nos faz seguir um caminho e não outro. Seria essa a Voz que ela deveria ouvir? Uma Voz que habitava a escuridão?

Cada um dos seus passos mais a aproximava desse cântico. Só voz. Sem palavras. Como se fosse um grito bradado em forma de canto, para seduzir uma alma, perdida nas trevas, e mostrar-lhe um caminho. Algo que existe para embriagar a consciência. Percorreu mais alguns metros e viu-se diante de uma porta entreaberta, de onde saía uma luz ténue e tremente. Ao aproximar-se da porta, ouviu nitidamente aquele cântico.

Contudo, logo que colocou o pé na soleira dessa porta, fez-se um breve silêncio, e logo uma voz tonitruante soou lá de dentro, redizendo como um eco: o abismo atrai o abismo[1], o abismo atrai o abismo, o abismo atrai o abismo…

           

Só então ela se apercebeu de que deveria regressar, urgentemente, ao seu mundo iluminado…



[1] Abyssus, abyssum invocat – Asneira puxa asneira (Salmo de David).
 
in «OS DIAS DE JOSÉ... E OUTRAS NARRATIVAS» © Josefina Maller (aguarda publicação)
 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O MEU NOME É MULHER...


 
O meu nome é MULHER!
No princípio eu era a Eva
Criada para a felicidade de Adão
Mais tarde fui Maria
Dando à luz aquele
Que traria a salvação
Mas isso não bastaria
Para eu encontrar perdão.
Passei a ser Amélia
A mulher de verdade
Para a sociedade
Não tinha a menor vaidade
Mas sonhava com a igualdade.
Muito tempo depois decidi:
Não dá mais!
Quero a minha dignidade
Tenho meus ideais!
Hoje não sou só esposa ou filha
Sou pai, mãe, arrimo de família
Sou camioneira, taxista,
Piloto de avião, policial feminina,
Operária em construção...
Ao mundo peço licença
Para actuar onde quiser
Meu sobrenome é COMPETÊNCIA
E meu nome é MULHER...
 
(Autor é Desconhecido)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

PLANTA O TEU JARDIM...


 
 
... O tempo é algo que não volta atrás.
Por isso planta o teu jardim e decora a tua alma,
ao invés de esperar que alguém te traga flores...
William Shakespeare
 
 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O QUE NÃO APRENDEMOS...


 
Aprendemos a voar como os pássaros,
a nadar como os peixes,
no entanto não aprendemos a simples arte de viver como irmãos...

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A FORÇA DA ALMA...


 
Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força da sua alma, todo o universo conspira a seu favor.
Johann Goethe

terça-feira, 16 de outubro de 2012

SOBRE O AMOR...



O amor é uma flor delicada, mas é preciso ter coragem de ir colhê-la à beira de um precipício...

Sthendal


(Para ver e ouvir este belíssimo vídeo é necessário fazer stop na música de fundo)
 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

HARMONIA


 
Aquilo a que chamamos felicidade consiste na harmonia e na serenidade, na consciência de uma finalidade, numa orientação positiva, convencida e decidida do espírito, ou seja na paz da alma.

Thomas Mann

domingo, 14 de outubro de 2012

ENTRE O LUAR E A FOLHAGEM...




Entre o luar e a folhagem,
Entre o sossego e o arvoredo,
Entre o ser noite e haver aragem
Passa um segredo.
Segue-o minha alma na passagem.

Ténue lembrança ou saudade,
Princípio ou fim do que não foi,
Não tem lugar, não tem verdade.
Atrai e dói.

Segue-o meu ser em liberdade.

Vazio encanto ébrio de si,
Tristeza ou alegria o traz?
O que sou dele a quem sorri?
Nada é nem faz.
Só de segui-lo me perdi.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"


sábado, 13 de outubro de 2012

«O PRECONCEITO É UM ATRIBUTO DA IGNORÂNCIA»



Eu tenho um sonho. O sonho de ver os meus filhos julgados pela sua personalidade, e não pela cor da sua pele.
Martin Luther King

Autoria do título: Isabel A. Ferreira

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

AS QUATRO LEIS DA ESPIRITUALIDADE ENSINADAS NA ÍNDIA



 
 
 
Na Índia, são ensinadas  “quatro leis da espiritualidade”:

A primeira diz: "A pessoa que vem é a pessoa certa".


Ninguém entra em nossas vidas por acaso. Todas as pessoas ao nosso redor, interagindo connosco, têm algo para nos fazer aprender e evoluir em cada situação.

A segunda lei diz: "Aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido".


Nada, nada absolutamente nada do que acontece em nossas vidas poderia ter sido de outra forma. Mesmo o menor detalhe. Não há nenhum "se eu tivesse feito tal coisa..."


Ou "aconteceu que um outro ...". Não. O que aconteceu foi tudo o que deveria ter acontecido, e foi para aprendermos a lição e seguirmos em frente. Todas e cada uma das situações que acontecem nas nossas vidas são perfeitas.

A terceira diz: "Toda vez que iniciares algo é o momento certo".


Tudo começa na hora certa, nem antes nem depois. Quando estamos prontos para iniciar algo novo nas nossas vidas, é que as coisas acontecem.

E a quarta e última afirma: "Quando algo termina, termina".
Simplesmente assim.

Se algo acabou nas nossas vidas é para a nossa evolução. Por isso, é melhor sair, ir em frente e enriquecer-se com a experiência. Não é por acaso que estamos a ler este texto agora. Se ele veio à nossa vida hoje, é porque estamos preparados para entender que nenhum floco de neve cai no lugar errado!


“Saber não é tudo. É necessário fazer. E para bem fazer, homem algum dispensará a calma e a serenidade, imprescindíveis ao êxito, nem desdenhará a cooperação, que é a companheira dilecta do amor”.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

AUTO-RETRATO


 
Sou melhor do que as pessoas pensam...


Pior do que elas imaginam...


As críticas não me abalam...


Os elogios não me iludem...


Sou o que sou não o que falam,


Vivo o presente... Espero o futuro... E sinceramente...


Não me ralo muito com o que os outros pensam de MIM...

(Sofia Pires e Borges)

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O ESPELHO DE GANDHI


 
Perguntaram numa ocasião a Mahatma Gandhi quais são os factores que destroem o ser humano, ele respondeu assim:

A Política sem Princípios

O Prazer sem Responsabilidade

A Riqueza sem Trabalho

A Sabedoria sem Carácter

Os Negócios sem Moral

A Ciência sem Humanidade

E a Oração sem Caridade.

A vida tem me ensinado que as pessoas são amáveis, se eu sou amável;

Que as pessoas estão tristes, se estou triste;

Que todos me querem bem, se eu quero bem a eles;


Que todos são maus, se eu os odeio;

Que há rostos sorridentes, se eu sorrio para eles;

Que há rostos amargurados, se estou amargurado;

Que o mundo é feliz, se eu sou feliz;

Que as pessoas tem nojo, se eu sinto nojo;

Que as pessoas são gratas, se eu sinto gratidão.

A vida é como um espelho: se sorrio, o espelho me devolve o sorriso.

A atitude que tomo na vida, é a mesma que a vida tomará ante mim.

Quem quiser ser amado, que ame.

A única razão porque és feliz é porque tu decides ser feliz

domingo, 7 de outubro de 2012

DEFICIÊNCIAS...


“Deficiente” é aquele que não consegue modificar a sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive.

“Louco” é quem não procura ser feliz com o que possui.

“Cego” é aquele que não vê o seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para os seus míseros problemas e pequenas dores.

“Surdo” é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir os seus tostões no fim do mês.

“Mudo” é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por detrás da máscara da hipocrisia.

“Paralítico” é quem não consegue andar na direcção daqueles que precisam da sua ajuda.

“Diabético” é quem não consegue ser doce.

“Anão” é quem não sabe deixar o amor crescer.

E, finalmente, a pior das deficiências é ser “miserável”, pois:

“Miseráveis” são todos aqueles que não conseguem falar com Deus.

MÁRIO QUINTANA (escritor gaúcho -  30/07/1906 - 05/05/1994).   

sábado, 6 de outubro de 2012

VOA E CANTA ENQUANTO RESISTIREM AS TUAS ASAS...


 
Goza a euforia do voo do anjo perdido em ti.
Não indagues se nossas estradas, tempo e vento
desabam no abismo
que sabes tu do fim?
Se temes que o teu mistério seja uma noite,
enche-a de estrelas.
Conserva a ilusão de que o teu voo te leva
sempre para o mais alto.
No deslumbramento da ascensão,
se pressentires que amanhã estarás mudo,
esgota, como um pássaro,
as canções que tens na garganta.
Canta, canta para conservar uma ilusão
de festa e vitória.
Talvez as canções adormeçam as feras
que esperam devorar o pássaro.
Desde que nasceste,
não és mais que um voo no tempo.
Rumo aos céus? O que importa a rota?
Voa e canta,
enquanto resistirem as tuas asas.

Menotti del Pichia

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O FILÓSOFO E O GATO


 
«Eu estudei muitos filósofos e muitos gatos. A sabedoria dos gatos é infinitamente superior.»

Hippolyte Taine