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terça-feira, 29 de novembro de 2011

SUBLIME OFERTA...


A Terra é insultada e oferece as suas flores como resposta... (Rabindranah Tagore) 

terça-feira, 2 de novembro de 2010

NOTAS PARA UMA REFLEXÃO SOBRE A INTERFERÊNCIA DO HOMEM NA VIDA DO PLANETA




NOTA PRIMEIRA


Depois de criado o Céu, e de separadas as águas da terra, e de a luz ter alternado com as trevas, e de as estrelas iluminarem o firmamento, e de o Sol e de a Lua distinguirem os dias das noites, vieram as plantas de todas as espécies, desde os mais frondosos embondeiros, à mais pequenina e frágil flor da planície, e nasceram então os verdes prados e os silenciosos bosques.

Vieram depois os animais marinhos, igualmente de todas as espécies, e coloriram as profundezas do mar.

Vieram as aves, aladas, e dominaram as alturas. Vieram todos os animais terrestres, desde os mais fortes, às mais delicadas borboletas.

E só depois de todas as criaturas terem experimentado, por uns breves tempos, uma vivência pacífica, num paraíso feito de harmoniosa beleza, surgiu, por fim, o homem, que não veio só. Com ele veio também aquela que, dali em diante, daria vida à vida – a mulher.

E este foi o início do caos.

© Josefina Maller

Origem da foto: http://www.meupapeldeparedegratis.net/fantasy/pages/lost-paradise.asp

sexta-feira, 2 de julho de 2010

LUTO PELA TERRA...



A terra secou.


Secaram os meus olhos...

Não tenho mais lágrimas

Para a irrigar...

As plantas murcharam

E eu emurcheci com elas...


Origem da imagem
http://fabianapaula.files.wordpress.com/2010/04/terra-seca.jpg


terça-feira, 11 de maio de 2010

ERA ENTÃO O MUNDO UM LUGAR DE DESENCANTO…


Era então o Mundo um lugar de desencanto, macerado pela dor de uma agonia, lenta e irremediável. Devorado por séculos de uma ignorância e uma incúria inconcebíveis. Inaudível, nos seus lamentos mais lancinantes. Um lugar onde o cantar da cotovia soava a melodia fúnebre.

Era o tempo de todos os tempos. Infinito. Imutável. Inexorável...

Até que um dia…

Subitamente, os céus rasgaram-se num esgar de fúria.




As nuvens foram, num ápice, sugadas pela boca imensa de um tufão e, por todo o Planeta, soou um rugido medonho, saído de entranhas, longínquas e desconhecidas, como se alguém estivesse a assassinar o Universo, desferindo-lhe golpes de uma inacreditável crueldade, e o Universo, trespassado pela dor súbita, provocada por essa desordem, não pôde conter o seu grito. Os ventos uivaram com toda a raiva que os vinha sufocando desde os tempos em que a Mãe Natureza começou a sentir os primeiros sintomas de uma doença grave, que veio a demonstrar ser altamente contagiosa e que foi se agravando à medida em que algo a que se chamou progresso ia avançando. Os uivos do vento ecoaram, então, por todo o Universo, como um grito de libertação.

Era então o caos. O caos sublime.

Tudo aconteceu inesperadamente.

As carnes de todos os seres vivos começaram a cair como chuva fétida. Homens e mulheres, velhos e novos foram atacados pelo que se admite ter sido o mais surpreendente tédio do Universo. Fracos e fortes, bons e maus, todos os animais vertebrados e invertebrados, caminhantes e rastejantes sobre a Terra evolaram-se, então, impelidos por uma ventania endoidecida. Toda a vegetação murchou e as águas das fontes, dos rios, dos lagos e dos oceanos secaram, tal o poder flamífero do Sol que, saturado, cingiu o planeta com um deslumbrante manto de fogo. E esse fogo era tudo o que restava do caos.

Veio depois o vazio.

O nada, na sua mais absoluta significância. O nada, mas não as trevas. Era uma luz intensa que fulgurava. Tão ofuscante que causaria pasmo e aquele terror primordial do desconhecido, se alguém ficasse para contemplá-la.

Iniciara-se revolta dos elementos. Ferozes. Saturados de raivas acumuladas, há longos, longos séculos, pelos maus-tratos que lhes foram infligidos. Desprotegido, o Planeta ficou então inteiramente à mercê de um Sol insensível, único elemento dominante no caos em que o Universo se transformou, o qual envolveu a Terra num abraço funesto, ao lançar os seus raios ultravioletas, como flechas envenenadas, sobre todos os povos.

Todavia, pela Terra, deambulava o esqueleto de um homem que, misteriosamente, sobrevivera ao tédio do Universo. Um ser sonâmbulo. Amostra de um caos absoluto. Simulacro de sombra ou vivo-morto, sem condição para repousar, em paz, o corpo descarnado. Por isso, aguardava, expectante, o desfecho desta rebelião dos elementos, e um destino singular e inimaginável, que o aguardava, lá, num lugar secreto, onde a vida fluía como um milagre…


in «A HORA DO LOBO» © de Josefina Maller (a aguardar publicação)

terça-feira, 20 de abril de 2010

SÚPLICA...



Eis-me prostrada sobre a terra,

ainda húmida do orvalho da noite.

Sinto-lhe o cheiro forte e doce,

este cheiro que me conduz

a um tempo que desconheço,

a lugares nunca visitados,

a experiências nunca vividas,

a memórias imemoráveis,

a um sino que toca na escuridão,

a pedras soltas,

ruínas,

heras cobrindo muros...

Não sei onde estou,

não sei o que sou,

não sei...

O que queres de mim, terra,

que me chamas com o teu odor, forte e doce...?

Por que me arrastas

para estas desconhecidas lonjuras? ...

Deixa-me voltar

para o meu universo

feito de silêncios e sons,

de luas e sóis,

e desta flor que

desabrocha todas as manhãs,

no meu olhar...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

TERRA SECA...




Assim começa o futuro, erguido sobre uma terra seca.

O que é que ela tem para nos dar? Pergunta a criança quando começa a saber perguntar.
E a resposta é tão seca como essa terra onde a criança espera construir o seu futuro.
De quem será a culpa? Da terra porque é seca? Ou do homem porque a secou? Esse homem que se preocupa apenas em destruir a vida… Não pense ele que essa sua força perdurará e o manterá vivo e poderoso para sempre. Esse homem, que destrói o mundo com os seus excessos e as suas frivolidades.
E que valor tem uma vida morta? Se é apenas um monte de carne podre que serve de alimento aos vermes, os quais, desse modo, conseguem sobreviver nessa terra seca…
É aí que o poder desses vermes começa e acaba o do homem…
E assim se ergue o futuro sobre uma terra seca habitada apenas por vermes que esperam a carcaça do homem…
Esse homem que se recusa a reconhecer o valor da vida.

Terra seca! Vazia do homem! Vazia da vida! Entregue ao poder dos vermes…
E assim começa o futuro, erguido sobre uma terra onde só existirá restos de vidas mortas!...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

EARTH SONG (MICHAEL JACKSON)


Quando pela primeira vez vi e ouvi o vídeo sobre Earth Song, de Michael Jackson, senti-me completamente esmagada pela mensagem enorme contida nesta belíssima melodia.

Comungo totalmente das preocupações de Jackson, até porque a Terra também é o Planeta onde vivo, e fere-me profundamente todo o mal que os homens (alguns homens) estão a praticar contra o único lugar, o único, onde têm possibilidade de viver. E como são irresponsáveis, esses homens!

O grito de Michael Jackson é um grito saído do interior da própria Terra, como se ela, através dele (que conhece as palavras), quisesse enviar ao homem um S.O.S., ou talvez um aviso.




Ainda haverá tempo?



Que acontecerá ao nascer do Sol? Que acontecerá à chuva? Que acontecerá a todas as coisas que são do homem?...

 
Porquê os campos da morte? Alguma vez pararam para pensar em todo o sangue que já derramaram? Alguma vez pararam para reflectir na matança de crianças, em guerras insanas? Alguma vez pararam para ouvir o meu grito, o grito da Terra, e o pranto dos mares?

 
O que estais a fazer ao vosso mundo? Olhai à vossa volta.



O que fareis com a Paz que prometestes aos vossos filhos? O que acontecerá aos campos em flor? O que fizeram com todos os vossos sonhos?

Ainda haverá tempo?



Vós, homens, costumáveis sonhar; costumáveis olhar para além das estrelas... Agora não sabeis onde estais, embora intuís que fostes demasiado longe...



O que fizestes com o passado? O que fizestes com os mares? Os céus estão a cair; os homens não podem respirar. O que fizeram com tudo o que vos dei? O que fizeram com a riqueza da Natureza, que é o meu ventre, o ventre do Planeta que é vosso?



O que fizestes aos animais? O que fizestes aos elefantes? O que fizestes às baleias, que choram? Todos perderam a confiança em vós!


 Reduzistes os vossos reinos a pó. Estais a destruir os mares. Por que desapareceram os trilhos das florestas, apesar de todos os apelos? O que estais a fazer à terra sagrada, que despedaçais com crenças?



E quanto ao homem comum? Não podeis libertá-lo? O que fazeis diante das crianças a morrer? Não as ouvis gritar?



O que acontecerá aos dias e à alegria que neles existe?...



O que fazer com os homens e com o seu pranto?



O que dizer da Morte que está a invadir o Planeta?



Alguma destas coisas vos importa?...



segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

RAJID...

Rajid era um cavalo selvagem. A mais bela e perfeita entre todas as criaturas que viveram nos bosques virgens, no início dos tempos.

Esta é a sua história. Uma história que nos fala do equilíbrio que existia na Natureza, na sua forma mais pura, e como ele, Rajid, um ser selvagem mas sensível, ajudou a manter esse equilíbrio até ao dia em que toda a harmonia – a própria essência da vida dos primeiros tempos – se perdeu com a chegada do homem, que fez emudecer a Natureza.

Apenas Rajid continuou eternamente selvagem, embora prisioneiro da sua própria liberdade, num mundo confinado com um vale profundo e inacessível, envolto em névoas perpétuas. Um pedacinho de mundo que Rajid conquistou ao homem e fez somente seu.


No início dos tempos nada existia. Era o vácuo.
          


Desejando Deus emergir das trevas e do silêncio que o rodeavam, criou a luminescência, e sob essa claridade fez brotar a vida e deu infinitas formas à sua ilimitada imaginação.
Foi então que do negro espaço celeste nasceu uma esfera de fogo, outra de prata e uma infinidade de esferas menores, tão luminosas e brilhantes como o mais puro dos diamantes. À primeira esfera o criador deu o nome de Sol, à segunda chamou Lua, e às restantes, estrelas.
O Sol reinaria de dia. A Lua e as estrelas brilhariam no escuro da noite.
E o universo iluminou-se, ora de uma luz irradiante, ora de uma luz delicada.
Aos olhos de Deus, porém, o que acabara de criar era demasiado insignificante, e decidiu então espalhar pelo espaço, astros, planetas, cometas, vias lácteas e outros sistemas solares. E o universo povoou-se de pequenas e grandes esferas. Umas mais cintilantes do que outras, mas todas misteriosas e belas. Contudo, pensou Deus, de que adiantava ter criado todo aquele imensurável universo se nele não palpitava a vida? Foi então que, num rasgo de criação, Deus escolheu um planeta entre os planetas – a Terra – e nele fez jorrar infinitas nascentes de água.

E a água foi a fonte da vida.

Sobre a Terra irromperam oceanos, rios, lagos, fontes, riachos e pântanos, e para que o planeta não ficasse todo coberto de água, Deus fez erguer montanhas para suster as correntes, e espalhou belas planícies e vales por toda aquela natureza que nascia.
Lentamente, a imaginação do Criador foi tomando mil e uma outras formas. Da terra brotaram ervas, flores e árvores com sementes para que se multiplicassem e não mais deixassem de crescer. E assim surgiram os prados verdes. Os jardins floriram. Os bosques e as florestas povoaram-se de folhagem viçosa. E o planeta encheu-se de beleza.
O silêncio, todavia, continuava profundo e perturbador. Foi então que a uma ordem de Deus uma leve brisa começou a soprar, fazendo correr as águas e sussurrar as flores e as ervas e a ramagem das árvores. E assim nasceram também as ondas do mar. E os prados, jardins e florestas encheram-se de uma melodia afectuosa, quase imperceptível, que transformou o silêncio num delicado murmúrio.
A obra de Deus, contudo, estava ainda incompleta.

Faltavam-lhe algumas criaturas. Deus ordenou, então, que as águas produzissem seres vivos. Que pássaros cruzassem o espaço. Que répteis rastejassem na terra, e que pequenos e grandes mamíferos proliferassem por todo o planeta.
E nos mares, rios e lagos surgiram peixes de várias cores e tamanhos. O espaço povoou-se de pequenos e grandes pássaros, e a Terra encheu-se de animais de muitas espécies.

Todos os lugares foram orvalhados com vida: as águas, a terra e o espaço. Já não havia trevas, nem silêncio. O mundo inundou-se de cânticos e de luz, mas faltava ainda a cor. Então, uma vez mais, o Criador, numa pincelada de mestre, encheu a sua criação das mais variadas tonalidades: o céu seria de um azul que se reflectiria nas águas; a folhagem deveria ser inevitavelmente verde, e para as flores todas as cores.
E aos cânticos e à luz juntou-se agora uma infinidade de tons, que encheram a Natureza de um impressionante colorido. E a Natureza, porque abrigava em si, todas as sementes, seria a Grande Mãe de todos os seres animados e inanimados, que daí em diante passariam a coexistir pacificamente.
Na última madrugada, aquela em que encerraria o acto da criação, Deus subiu à mais alta das montanhas e contemplou a sua obra, no entanto, ainda inacabada. Faltava-lhe criar um ser que, pela sua beleza, inteligência e conhecimento dos segredos do Universo, sublimasse aquele paraíso, acabado de nascer.
Foi então que, a um sopro de Deus, uma silhueta negra, tão negra como as trevas que existiam no início dos tempos, começou a desenhar-se entre o verde da planície.

Era Rajid – o cavalo selvagem – que nascia, como um raio de aurora, no jardim imperecível de Deus...

* Pintura de Argina Seixas

in «História de um Cavalo Selvagem» © Josefina Maller (a aguardar publicação)