A noite veio e o mundo adormeceu.
Então a Lua, despiu os seus véus de prata e mergulhou nas águas do rio, enquanto as sombras ocultavam a sua nudez, de luminoso mármore branco.
Os pirilampos apagaram os seus lumes, e todos os seres noctívagos recolheram-se nos ramos mais altos das árvores. Nas margens.
Os peixes refugiaram-se nas grutas rochosas, lá nas profundezas das águas do rio.
O silêncio era quase absoluto. Nenhum ser ousava feri-lo.
Ouviam-se apenas uns suspiros. Uns lânguidos suspiros.
Era a Lua que suspirava, do prazer intenso, que cada mergulho lhe proporcionava. Por vezes, deixava-se afundar, e seguia o curso das águas, que passavam vagarosas, sem urgência...
A Estrela do Pastor estava vigilante. Nada poderia perturbar o banho da Lua, que se prolongou até ao amanhecer.
Quando o Sol começou a despontar, a Estrela enviou um dos seus raios luminosos, anunciando à Lua o despertar do mundo.
Então a Lua vestiu os seus delicados véus de prata, e lançou-se num voo gracioso até aos confins do Universo, deixando pelo caminho pequenas gotas de água, que logo se transformaram em estrelas.
E, no rio, ficou um rasto luminoso, que tornou as águas mais límpidas e misteriosas.
A partir de então, quando a noite chega, ouvem-se ainda os suspiros de prazer da Lua, no seu banho esquivo, naquela noite em que o mundo adormeceu...
(Origem da foto da Lua: Internet)
Sabermos adormecer com a Lua, acordar com o Sol, em verdadeira comunhão com eles vivermos os sonhos da noite e os actos do dia, sem urgências, com amor, com palavras e suspiros justos, sem dúvida é um desiderato dos seres que vivendo neste planeta não se querem perder da unidade cósmica, pela qual as suas almas aspiram ou suspiram nas noites mais ou menos adormecidas ou despertas que nos caracterizam ou desafiam...
ResponderEliminarPenso que estamos em sintonia, quanto a estes mistérios do Universo. Na verdade sinto-me uma pequena partícula que vagueia no imenso, entre luas, sóis e estrelas...
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