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quinta-feira, 23 de junho de 2011
ENCONTRO INESPERADO...
Era um lago de águas azuis, luminosas e tranquilas, entre montanhas, de neves eternas, um dos muitos que abundam no Tibete, tornando-o um lugar de peregrinação, mesmo para aqueles que em nada crêem.
O Sol mostrava-se, timidamente. Sentia-se o silêncio, naquele lugar, como o trinar misterioso de um pássaro. Pelas suas margens, pensativo, descalço, vagarosamente, caminhava um vulto, como se flutuasse. Dir-se-ia que fazia parte daquela paisagem, plácida e paradisíaca. De súbito, vergou-se sobre aquelas águas transparentes e contemplou o seu rosto, longamente.
Eu, que por ali também deambulava, um pouco perdida de mim e do mundo, aproximei-me. O vulto ergueu-se e fixou o seu olhar no meu. Os seus cabelos, escuros e longos, contrastavam com a túnica branca e larga que lhe chegava aos pés. Uma barba espessa moldava-lhe um rosto muito belo, de uma idade sem idade. Dir-se-ia que eterna. Os olhos, serenos e melífluos, de um castanho claro, profundos como um oceano, reflectiam a luz da manhã e o infinito...
Excerto de «AS LÁGRIMAS DE DEUS» © Josefina Maller (por publicar)
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
ON A BLUE ROAD (I)
Deram-me o nome de Túlio, e devo ter cerca de 15 anos, disse-me Sebastião, o Velho. Velho e sábio. Foi ele quem me ensinou tudo o que sei. Ensinou-me, por exemplo, esta canção, em inglês, uma língua que não sei, mas ele sim, porque aprendeu com um branco das Europas, e a canção diz assim:
On a blue road
A blue bird sings a happy
Song of love.
Yellow flowers swing gently
Like dancers on clouds.
Suddenly, a red bird comes
Along, singing a song of war:
The yellow flowers fall down
Fulminated by red songs.
And the blue bird
Starts singing
A sad song of love!
Gosto muito desta melodia e também das palavras. Pedi a Sebastião que me abrisse o escuro, para que eu pudesse ver a cor dessas palavras. E ele abriu o escuro. E então vi a cor das palavras: «Numa estrada sombria, um pássaro azul canta uma alegre canção de amor. Flores amarelas balanceiam-se suavemente, como bailarinas nas nuvens. Subitamente, aproxima-se um pássaro vermelho, cantando uma canção de guerra: as flores amarelas tombam, fulminadas por canções vermelhas, e o pássaro azul começa a cantar uma triste canção de amor!»
Decorei estas palavras como se bebesse mel, e delas fiz o meu credo. Credo foi também uma coisa que me ensinou Sebastião. Disse-me ele: Túlio, todo o homem deve ter o seu credo, não importa qual, desde que esse credo lhe aqueça a alma. E eu perguntei-lhe: «E o que é a alma, Sebastião?» E ele disse: «A alma, meu filho, vive dentro dos teus olhos».
Eu gostei do que me ensinou Sebastião, por isso, naquele dia, adormeci pensando na alma que vive dentro dos meus olhos.
Não me lembro de ter sonhado, nessa noite.
«On a blue road» © Josefina Maller (a aguardar publicação)
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