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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

ANIMISMO...






Para que a vida não fosse um mero rolar dos tempos, o Criador dotou todos os seus seres de entendimento, compreensão e sensibilidade. Em suma, de um ânimo essencial para o fluir da vida. A cada criatura foi igualmente concedida uma linguagem inerente à natureza do seu próprio ser.

Todos os animais e plantas compreendiam-se mutuamente, através de linguagens secretas, e, por vezes, no caso das pedras, o silêncio bastava. Nada havia sido criado sem sentido. Em tudo havia uma harmonia afectuosa e infinita.

O Sol foi criado com a finalidade de aquecer a Terra e afastar as trevas do mundo, para que, desse modo, todos os seres vivos pudessem saborear, com lucidez, a sua própria existência. A Lua e as estrelas cobriram o espaço com um manto de penumbra tépida, para que o descanso dos seres fosse mais terno.

A água seria a fonte da vida.

Os animais, através das suas vozes, e as plantas, com o murmúrio subtil da sua folhagem, quebrariam o silêncio do mundo e dar-lhe-iam movimento.

Rajid relinchava ternamente, como que agradecendo o privilégio de ter sido moldado pelas próprias mãos do Criador.

A vida fervilhava em todos os recantos da Terra. Toda a Natureza havia sido animada pela voz de Deus, e o planeta, recém-criado, rejubilava.

No espaço, ecoava um cântico de infinitas e enigmáticas vozes, que o Criador escutava deleitado. Era uma ode amorosa à sua obra, entoada por todas as criaturas viventes.

Rajid não era rei nem vassalo. Era um príncipe. O príncipe da Terra. Não dominava, apenas coexistia pacificamente com os outros seres das montanhas, dos vales, das planícies, dos bosques, dos mares e dos rios. Ele constituía o equilíbrio do paraíso que Deus criara para todos esses seres.

Somente as pedras permaneciam silenciosas. Eram elas o sustentáculo do mundo. De olhar mudo e vigilante, guardavam os mais profundos e indizíveis segredos da criação divina.

in «História de um Cavalo Selvagem» © Josefina Maller (a aguardar publicação)