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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O DIA DO MEU PROTESTO



Hoje, decidi fazer deste dia o dia do meu protesto.

E nem me interessa saber se alguém, noutro lugar, decretou qualquer outra coisa.

Há dias mundiais para tudo, com o objectivo de chamar a atenção do mundo, sem no entanto haver quaisquer resultados práticos, uma vez que os homens são demasiado cegos, surdos, egoístas, ambiciosos e ignorantes para se aperceberem de que estão a enterrar-se vivos na cova que eles próprios vêm cavando para eles, lentamente, há longos anos.

Sei que o dia do meu protesto também não resultará, mas terá, pelo menos, uma única vantagem: deixar aqui bem claro que eu, embora fazendo parte desta humanidade podre, nela vivo sob constante protesto, não concordando em nada com o rumo que os homens estão a dar ao que tiveram à sua disposição para viverem como HOMENS, neste Planeta

E no entanto, vivem como criaturas rastejantes.

Que loucura!

Quando penso que de um dia para o outro o nosso mundo pode ficar desfeito em cinzas se os LOUCOS quiserem! Não me refiro ao mundo podre em que esses homens loucos o estão mergulhando, mas daquele outro mundo natural, verde, cristalino, azul, colorido, belo, grandioso, e único, aquele mundo que não faz parte de nenhum sonho de fadas boas, mas de uma realidade que os loucos, ofuscados pelos bolores do podre em que vivem, teimam em desprezar.

É bem verdade que os homens predadores são muito mais prejudiciais aos HOMENS do que aqueles animais não humanos, que eles exterminam, tendo-os como “nocivos”.

E não me venham falar em fundamentalismos. É que há crianças e jovens, que esses loucos parecem ignorar, que precisam de viver num mundo digno da condição humana.

Os homens predadores não têm o direito de destruir um Planeta que pertence a uma infinidade de seres superiores a eles.

Por isso, faço deste dia, o dia do meu protesto contra a loucura dos homens que vivem como criaturas rastejantes, nos subterrâneos mais obscuros e imundos do mundo.

Josefina Maller
(Ilustração: pintura de Salvador Dali)

quarta-feira, 2 de março de 2011

NADA DE NOVO DEBAIXO DO SOL…


A monotonia instalou-se.
Veio para ficar. Já nada importa.

O mundo enlouqueceu. Os povos andam à deriva. Dizem que dentro de sete anos estaremos todos mortos. Por causa do petróleo. Sim, da falta dele. A vida gira à volta desse óleo negro. Teremos de voltar aos hábitos medievais, às lutas fratricidas. Virá a fome. O medo… Que mau augúrio!

Entretanto a vida continua. Sempre igual. Os homens não pensam. Cirandam de um lado para o outro. Fazem discursos compridos. Monótonos. Invariáveis. Até lhes adivinhamos as palavras. Brincam com as coisas mais sérias. Escondem a cabeça na areia, para não verem, não ouvirem e não terem de pensar.

Contudo, como é urgente pensar numa saída! Todavia, não há saída. Dizem os mais pessimistas. O que há a fazer é esquecer o futuro. Viver o minuto presente, como se soubéssemos ser o último. E esperar. Calmamente. Desesperar não leva a lugar algum.

Não haverá, porém, algo que possa ser feito? Não tiveram sempre os homens de boa vontade, precisamente boa vontade para resolverem os problemas e procurarem soluções para as questões de sobrevivência? Então o que mudou na Humanidade? A vontade? Esgotaram-se os pensamentos?

Nada de novo debaixo do Sol (1). Dizem os filósofos. E onde estão os filósofos? Procurem-nos. É urgente que venham filosofar. Precisamos das suas palavras enroladas, como novelos de lã, para podermos sobreviver. Alguém deverá procurar a ponta e desenrolá-las, uma a uma. Nada de novo debaixo do Sol. Não! Isto não! Devemos mudar esta expressão. Isto é apenas um conjunto de palavras, que podem e devem ser descodificadas, desdobradas, substituídas.

É urgente substituir o nada pelo tudo. Basta esse pequeno ajuste. Será assim tão difícil? Tudo de novo debaixo do Sol. Como um renascer. Como um novo amanhecer. O Sol será sempre o mesmo. O que deve mudar é a atitude diante de todas as coisas que estão debaixo dele.

A monotonia instalou-se. Abaixo a monotonia! É preciso despertar. Gritai, ninfas! Gritai, sereias! Gritai, sapos encantados! Gritai, deuses do Olimpo! Procurai em todos os lugares secretos. Há um tudo que deve ser encontrado, para ser urgentemente colocado no lugar do nada.

O Sol precisa de rasgar os véus ameaçadores em que os homens o enlearam. Para tal, esses homens devem esmagar o nada, e substituí-lo pelo equilíbrio que vive, algures, no fundo do seu ser.


(1) Nihil novi sub sole – Nenhuma novidade. Palavras de Salomão no Ecclesiastes.

in «Os Dias de José... – e outras Narrativas» © Josefina Maller