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domingo, 27 de novembro de 2016

SEDENTA DO VERDE DA FOLHAGEM...



As palavras que ouço os pássaros cantar são as que escrevo, iluminadas pela luz verde que emana do Bosque, onde os castanheiros florescem...

Bebo sofregamente o verde desse Bosque, para levá-lo no meu olhar, na hora de partir...

E quando ao entardecer, entre a selva da cidade, ouvir os sinos da Igreja tocar, ao fechar os olhos, terei diante de mim aquele Bosque que toca os céus do meu refúgio…
 
Josefina Maller

terça-feira, 11 de outubro de 2016

A LUZ NOS TEUS OLHOS




 

Falemos, então, da morte: para que serve?

 Não sei, mas julgo que virá quando

 nada mais houver a dizer, e for tempo

 de um último café e ir embora.

 

Será o fim de tudo? Espero que não:

 gosto de viajar, sabem? Sou curioso,

 tal como os hominídeos, atrai-me

 saber o que fica para lá do poente.

 

E depois, não consigo acreditar no fim

 das coisas: a luz nos teus olhos, amiga,

 é demasiado bela para uma só vida.

 Nenhum sol vem para iluminar um só dia.


Gonçalo B. de Sousa

 5-4-2005

terça-feira, 17 de maio de 2016

A BONECA VIAJANTE



Um ano antes de sua morte, Franz Kafka viveu uma experiência singular.

Passeando pelo parque de Steglitz, em Berlim, encontrou uma menina chorando porque havia perdido a sua boneca.

Kafka ofereceu ajuda para encontrar a boneca e combinou um encontro com a menina, no dia seguinte no mesmo lugar.

Não tendo encontrado a boneca, ele escreveu uma carta como se fosse a boneca e leu-a para a menina quando se encontraram.

A carta dizia: “Por favor, não chore por mim, parti numa viagem para ver o mundo.”

Durante três semanas, Kafka entregou pontualmente à menina outras cartas que narravam as peripécias da boneca em todos os cantos do mundo: Londres, Paris, Madagáscar…

Tudo para que a menina esquecesse a grande tristeza!

Esta história foi contada a alguns jornais e inspirou um livro de Jordi Sierra i Fabra (Kafka e a Boneca Viajante) onde o escritor imagina como teriam sido as conversas e o conteúdo das cartas de Kafka.

No fim, Kafka presenteou a menina com uma outra boneca.

Ela era obviamente diferente da boneca original.

 Numa carta anexa explicava: «As minhas viagens transformaram-me…».

Anos depois, a menina encontrou uma carta escondida numa abertura da boneca que substituiu a perdida.

O bilhete dizia:

«Poderás eventualmente perder tudo o que tu amas, mas, no fim, o amor retornará numa forma diferente».

«Franz Kafka e a Boneca Viajante» (Adaptado)

quinta-feira, 17 de março de 2016

INSISTO, LOGO EXISTO...





Se não fores capaz de rezar
Chora

Porque as lágrimas são preces silenciosas...
Se não fores capaz de chorar

Sorri
Porque o sorriso é a arma dos inocentes...

Se não fores inocente, não faz mal,
Todos carregamos uma culpa.

O importante é evoluirmos...

Se não conseguires evoluir, não te atires de uma ponte,

Senta-se à beira do rio

E ouve o que diz as águas...

Elas dir-te-ão:

Vai, segue o teu caminho...
Se encontrares uma pedra, rodeia-a,

Mas vai,

Descobrirás sempre a saída para o mar

E no mar encontrarás a força que te falta...
Ele dir-te-á:

Insisto, logo existo, insisto, logo existo…

E vai rolando as suas águas continuamente…

Isabel A. Ferreira
 
 

terça-feira, 15 de março de 2016

DA ALMA…

 
 
François-Joseph-Victor Broussais, um médico francês, disse jamais ter encontrado a alma na ponta de um bisturi… como se alma pudesse dar esse prazer aos mortais, ainda mais na ponta de um instrumento tão inapropriado para uma alma poder dependurar-se…
 
Josefina Maller