© Todos os direitos reservados
Mostrar mensagens com a etiqueta Cavalo selvagem. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Cavalo selvagem. Mostrar todas as mensagens

sábado, 15 de outubro de 2011

MADRUGADAS...


Por vezes, a preguiça do Sol cobria a planície de brumas e silêncio. Mas Rajid, que despertava, todas as manhãs, com o lamento de um melro, o qual fazia ninho entre os ramos de uma bela acácia, partia para a sua habitual digressão, apesar da penumbra.

Uma brisa delicada embalava as flores e as ervas da planície, ainda meio adormecida, e Rajid trotava com cuidado, não fosse despertá-las.

Porém, quase sempre, aquele silêncio era bruscamente interrompido pelo alvoroço do bater de asas e do cantar de um bando de pássaros azuis que vinha saudar a manhã.

A eles juntava-se o burburinho das águas, a sinfonia da folhagem e o relincho terno de Rajid. O Sol fazia dissipar, então, as brumas que o envolviam e descobria-se, fulgurante, enchendo de uma luz radiosa a paisagem.

A Natureza despertava do seu sono nocturno e tudo à sua volta se transformava, como que por magia.

Assim eram as madrugadas de Rajid...


in «História de um Cavalo Selvagem» © Josefina Maller (por publicar)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O PRIMEIRO DIA...






Rajid era a obra-prima do Criador.

Nobre, de músculos fortes, perfil bem desenhado e sereno, o seu corpo negro, macio e brilhante contrastava com o verde da planície onde nascera. Os seus olhos de azeviche assemelhavam-se a duas estrelas a brilhar na noite.

Era meigo e suave como uma libelinha. Contudo, havia nele algo de agreste. Nasceu sem ter sido gerado. Nasceu livre e selvagem. Era filho da planície, mas também dos bosques, das florestas.

Como era belo e perfeito Rajid! O seu olhar profundo e penetrante fazia estremecer a natureza. E as flores, tímidas, só de olhá-lo, tornavam-se mais coloridas.

O primeiro dia de vida na Terra havia começado para o cavalo selvagem e para todos os outros seres, que experimentavam a maravilhosa sensação de fazer parte de um mundo harmonioso e perfeito. Todos sentiam a mesma curiosidade acerca da sua própria existência e do que os cercava. Estavam como que enfeitiçados pela grandiosidade do momento que acabavam de viver.

Rajid não escapou ao feitiço, e espreguiçava o olhar, extasiado, pela planície salpicada de pequenas flores.

Do outro lado, o bosque, com as suas cúpulas verdes, era um desafio à sua imaginação. Teria toda uma vida para desvendar os seus mistérios.

Naquele momento, o vale, envolto em bruma, prendia a atenção de Rajid, mais do que tudo o resto.

in «História de um Cavalo Selvagem» © Josefina Maller (a aguardar publicação)