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sexta-feira, 25 de março de 2011

O DESABROCHAR DAS FLORES...



Deleitoso canto dos pássaros

Que esvoaçam

Sobre as flores

Que desabrocham

Envergonhadas

Nos jardins

Abrindo as suas pétalas

Para o Sol...



© Josefina Maller

terça-feira, 22 de março de 2011

A ALEGRIA DAS FLORES...





Colhe a alegria das flores da Primavera

 e brinca feliz enquanto é tempo.

Sempre haverá os dias em que chegará o Inverno

e não terás o perfume das flores,

nem o Sol,

nem a vivacidade das cores...

Augusto Branco

terça-feira, 15 de março de 2011

POR BOSQUES LUMINOSOS...

Certo dia, parti
para lugares longínquos,
atrás dos meus sonhos.
Por campos floridos,
por bosques luminosos,
por montes agrestes.

Procurei-os nas estrelas,
nos mistérios que a Lua traz,
na leveza do voo dos pássaros,
lá, no horizonte onde o Sol se esconde,
e até nas águas cantantes dos rios...

Mas não encontrei os meus sonhos
Em lugar algum...
...

Esta manhã,
inesperadamente,
descobri que os tinha guardados
no mais íntimo do meu ser
como se fossem cristais preciosos...

Demasiado tarde os encontrei,
pois transformaram-se em pedras,
que jamais poderei remover...

© Josefina Maller

quarta-feira, 2 de março de 2011

NADA DE NOVO DEBAIXO DO SOL…


A monotonia instalou-se.
Veio para ficar. Já nada importa.

O mundo enlouqueceu. Os povos andam à deriva. Dizem que dentro de sete anos estaremos todos mortos. Por causa do petróleo. Sim, da falta dele. A vida gira à volta desse óleo negro. Teremos de voltar aos hábitos medievais, às lutas fratricidas. Virá a fome. O medo… Que mau augúrio!

Entretanto a vida continua. Sempre igual. Os homens não pensam. Cirandam de um lado para o outro. Fazem discursos compridos. Monótonos. Invariáveis. Até lhes adivinhamos as palavras. Brincam com as coisas mais sérias. Escondem a cabeça na areia, para não verem, não ouvirem e não terem de pensar.

Contudo, como é urgente pensar numa saída! Todavia, não há saída. Dizem os mais pessimistas. O que há a fazer é esquecer o futuro. Viver o minuto presente, como se soubéssemos ser o último. E esperar. Calmamente. Desesperar não leva a lugar algum.

Não haverá, porém, algo que possa ser feito? Não tiveram sempre os homens de boa vontade, precisamente boa vontade para resolverem os problemas e procurarem soluções para as questões de sobrevivência? Então o que mudou na Humanidade? A vontade? Esgotaram-se os pensamentos?

Nada de novo debaixo do Sol (1). Dizem os filósofos. E onde estão os filósofos? Procurem-nos. É urgente que venham filosofar. Precisamos das suas palavras enroladas, como novelos de lã, para podermos sobreviver. Alguém deverá procurar a ponta e desenrolá-las, uma a uma. Nada de novo debaixo do Sol. Não! Isto não! Devemos mudar esta expressão. Isto é apenas um conjunto de palavras, que podem e devem ser descodificadas, desdobradas, substituídas.

É urgente substituir o nada pelo tudo. Basta esse pequeno ajuste. Será assim tão difícil? Tudo de novo debaixo do Sol. Como um renascer. Como um novo amanhecer. O Sol será sempre o mesmo. O que deve mudar é a atitude diante de todas as coisas que estão debaixo dele.

A monotonia instalou-se. Abaixo a monotonia! É preciso despertar. Gritai, ninfas! Gritai, sereias! Gritai, sapos encantados! Gritai, deuses do Olimpo! Procurai em todos os lugares secretos. Há um tudo que deve ser encontrado, para ser urgentemente colocado no lugar do nada.

O Sol precisa de rasgar os véus ameaçadores em que os homens o enlearam. Para tal, esses homens devem esmagar o nada, e substituí-lo pelo equilíbrio que vive, algures, no fundo do seu ser.


(1) Nihil novi sub sole – Nenhuma novidade. Palavras de Salomão no Ecclesiastes.

in «Os Dias de José... – e outras Narrativas» © Josefina Maller