© Todos os direitos reservados

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O QUE APRENDI COM O LOBO

O Lobo não ataca sem motivo, nem luta desnecessariamente...
O Lobo não sente necessidade de demonstrar a sua capacidade a cada momento...

sábado, 15 de outubro de 2011

MADRUGADAS...


Por vezes, a preguiça do Sol cobria a planície de brumas e silêncio. Mas Rajid, que despertava, todas as manhãs, com o lamento de um melro, o qual fazia ninho entre os ramos de uma bela acácia, partia para a sua habitual digressão, apesar da penumbra.

Uma brisa delicada embalava as flores e as ervas da planície, ainda meio adormecida, e Rajid trotava com cuidado, não fosse despertá-las.

Porém, quase sempre, aquele silêncio era bruscamente interrompido pelo alvoroço do bater de asas e do cantar de um bando de pássaros azuis que vinha saudar a manhã.

A eles juntava-se o burburinho das águas, a sinfonia da folhagem e o relincho terno de Rajid. O Sol fazia dissipar, então, as brumas que o envolviam e descobria-se, fulgurante, enchendo de uma luz radiosa a paisagem.

A Natureza despertava do seu sono nocturno e tudo à sua volta se transformava, como que por magia.

Assim eram as madrugadas de Rajid...


in «História de um Cavalo Selvagem» © Josefina Maller (por publicar)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

SOLIDÃO


Aproximo-me da noite
o silêncio abre os seus panos escuros
e as coisas escorrem
por óleo frio e espesso

Esta deveria ser a hora
em que me recolheria
como um poente
no bater do teu peito
mas a solidão
entra pelos meus vidros
e nas suas enlutadas mãos
solto o meu delírio

É então que surges
com teus passos de menina
os teus sonhos arrumados
como duas tranças nas tuas costas
guiando-me por corredores infinitos
e regressando aos espelhos
onde a vida te encarou

Mas os ruídos da noite
trazem a sua esponja silenciosa
e sem luz e sem tinta
o meu sonho resigna

Longe
os homens afundam-se
com o caju que fermenta
e a onda da madrugada
demora-se de encontro
às rochas do tempo



Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

CRÍTICA DO PEPE


CRÍTICA DO PEPE

Antes de mais, Josefina, Parabéns.
Acabei de ler "A Hora do Lobo", prometi-lhe uma crítica sincera, aqui está ela:
Há grandes livros que cabem numa frase da sua narrativa, o seu não cabe de todo numa frase, é um manancial de ideias e de ideais, de sentimentos, de imagens, de poesia, enfim, de vida.
Para mim qualquer livro é uma viagem, cedo dei a mão ao Oskar Kapriolo, palmilhei com ele os trilhos ora terríficos ora deslumbrantes dos seus "delírios", fui espectador atento dos seus discursos, aos quais não poupei aplausos, fui também testemunha dos seus magníficos encontros com o Lobo. Deu-me um gosto imenso participar na sua visita ao jardim zoológico e na sua viagem pelo deserto com o inseparável Eliasário.
A dicotomia Homo Parvus - Homo Sapiens é sublime.
Também eu sou um nefelibata, por causa disso e pela forma inteligente como explanou o percurso do Oskar, foi um prazer enorme viajar na companhia das suas palavras, obrigado Josefina.
Fico a aguardar expectante a continuação da viagem,

Um abraço,
José António Martins (Pepe da Néte)


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

METAMORFOSE...


Mergulho neste olhar profundo
e vagueio em abismos de luz,
de inteligência,
de sabedoria,
de sensibilidade,
e sigo a matilha
tal como um deles...
procurando na noite
o segredo da existência...

© Josefina Maller

NO PARAÍSO PERDIDO...

«No paraíso perdido, a mulher mordeu o fruto da árvore do conhecimento dez minutos antes do homem; desde então, mantém essa vantagem»

Jean-Baptiste Alphonse Karr