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sexta-feira, 21 de maio de 2010

PINGO D’ÁGUA...



Sombria vai a noite...


E aquele pingo d’água

ilumina os versos

que a folhagem sussurra

debruçada sobre

o pequeno abismo que a

separa do riacho

de águas mansas

que se afastam,

silenciosas,

para não despertarem

as estrelas...

quinta-feira, 4 de março de 2010

O RIACHO...



Rajid era sensível como as asas de uma borboleta. Bravio, porém delicado como uma flor, quando era preciso.

Naquele dia, ao fim da tarde, atravessou a planície trotando cuidadosamente, para não magoar as ervinhas e as flores.

O Sol descia lentamente, em direcção às montanhas, entre as quais em breve se afundaria. Por enquanto, enternecia a paisagem, tornando-a levemente rosada, e mirava-se nas águas de um riacho que serpenteava, feliz, por entre as serras.

Rajid aproximou-se do vale e pode então contemplar de mais perto o riacho. Era o seu primeiro encontro com a fonte da vida.

Abeirou-se suavemente daquelas águas cantantes, que corriam sem pressa e onde a folhagem das margens se reflectiam, esboçando um outro bosque – o bosque aquático. O cavalo selvagem debruçou-se para nelas saciar a sua sede, e pelo interior do seu corpo deslizaram os delicados fios da luz do Sol.

Foi então que, pela primeira vez, Rajid viu reflectida a sua própria imagem naquele espelho natural. A sua silhueta ali estava: negra, bela, primorosamente esculpida.

Rajid sorriu para o riacho. E enfeitiçou-o com o seu sorriso. As águas tornaram-se mais límpidas e transparentes, e Rajid mirou-se nelas, longamente. Olhou o seu próprio olhar, numa tentativa de indagar o seu íntimo, e, em verdadeiro delírio, descobriu a essência do seu ser.

O riacho, enfeitiçado pela beleza negra de Rajid, fez cantar as suas águas mais baixinho, para não perturbar o êxtase do momento, e prolongou-o infinitamente...


in «História de um Cavalo Selvagem» © Josefina Maller (a aguardar publicação)