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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

DESABAFO




 
É difícil sorrir diante de ruínas…

É difícil continuar a luta quando nos deixam a pelejar sozinhos no campo de batalha…

É difícil dizer adeus com vontade de ficar…

Mas ficar neste vazio a que me condenaram (e eu nem sei porquê) é ainda mais difícil…

Então que motivos terei para continuar aqui, neste lugar quase despovoado?

Isabel A. Ferreira

(Origem da imagem: Internet)

domingo, 18 de outubro de 2015

O DESABROCHAR DAS ROSAS



Recatadas  

Entre o verde da folhagem,

As rosas,

Ainda envoltas no seu véu virginal,

Abrem-se à luz...

Desnudando-se languidamente

Em rubra inquietação…

Para que nos meus olhos

Se cumpra

A natureza
 
Do mistério da Vida...
 

Josefina Maller

segunda-feira, 13 de abril de 2015

DAS PALAVRAS...

 


Quanto a mim gosto das palavras que sabem a terra, a água, aos frutos do Verão, aos barcos no vento; gosto das palavras lisas como os seixos, rugosas como o pão de centeio.

Palavras que cheiram a feno e a poeira, a barro e a limão, a resina e a sol. Foi com essas palavras que fiz os poemas.

Palavras rumorosas de sangue, colhidas no espaço luminoso da infância, quando o tempo era cheio, redondo, cintilante.

As palavras necessárias para conservar ainda os olhos abertos ao mar, ao céu, às dunas, sem vergonha, como se os merecesse, e a inocência pudesse de quando em quando habitar os meus dias.

As palavras são a nossa salvação.

Eugénio de Andrade

domingo, 15 de fevereiro de 2015

O SILÊNCIO…

 


Esta manhã

embrenhei-me no bosque

em busca do silêncio

e ouvi os meus passos

trilhando as folhas secas do caminho…

Ouvi o gemido terno do vento

nas árvores;

o lamento sublime de um pássaro

solitário…

Ouvi o murmúrio vago da água

de um riacho

e o rumor brando  

da folhagem nele reflectida…

Só então me apercebi

de que o silêncio é feito de muitas

sonâncias

que nos arrebatam os sentidos…

 Josefina Maller