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sábado, 6 de dezembro de 2014

ENTRE O LUAR E A FOLHAGEM

 
 


Entre o luar e a folhagem,

Entre o sossego e o arvoredo,

Entre o ser noite e haver aragem

Passa um segredo.

Segue-o minha alma na passagem.


Ténue lembrança ou saudade,

Princípio ou fim do que não foi,

Não tem lugar, não tem verdade.

Atrai e dói.


Segue-o meu ser em liberdade.

 Vazio encanto ébrio de si,

Tristeza ou alegria o traz?

O que sou dele a quem sorri?

Nada é nem faz.

Só de segui-lo me perdi.

 Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

VOZES DE NINGUÉM…




Soam cornetas, trombetas e tambores.
 
O caos instala-se nas ruas. Ouvem-se gritos. Choros. Clamores. Multidões fogem para lugar nenhum. Estão encurraladas. Fugir para onde, se todos os lugares estão contaminados? Contaminados com quê? Não se sabe. Alguém veio para a rua gritar. O que se passa? Ninguém, na verdade, sabe. Ninguém ouve ninguém. Apenas correm. Gritam. Choram.
 
...
 
E para que servem as cornetas, as trombetas, os tambores? Para alertar. Alertar o quê? Não se sabe. É costume. Sim, é um costume medieval. Mas não estamos na Idade Média. Então porquê as cornetas, as trombetas, os tambores? Porque sim. É preciso que todos ouçam. Que todos fujam. Que todos…
 
Que todos o quê?...
 
Tudo é confuso. Já há mortos e feridos, ali para o lado do cais. O estuário do rio está cheio de gente. Uns afogam-se por não saberem nadar. Outros nadam para a outra margem. Que tiros são estes? Porquê os tiros? É preciso ordenar o caos. Mas o caos não se ordena. É simplesmente caos.
 
Quem começou esta balbúrdia? Alguém que veio para a rua gritar. E basta que um grite, todos começam a gritar também. E ninguém sabe explicar porquê. Vêm os cavalos da Guarda, em correria. O que provoca ainda mais desordem. Uns são lançados para o chão. Espezinhados. Esmagados pelo peso do tumulto. Ouvem-se mais tiros. Agora de canhão. Despertaram os canhões do forte, adormecidos há séculos. Atiram contra tudo e contra todos. Gera-se uma confusão tal que a cidade deixa de existir como cidade. É um turbilhão de gente que foge. O casario explode, com os tiros dos canhões.
 
Em cima de um telhado um gato mia. Os pássaros que viviam nas árvores da Avenida fogem espavoridos. Procuram um lugar mais seguro. Mas todos os lugares estão contaminados. Gritam. Contaminados com quê? Perguntam. Ninguém sabe. Só se sabe que estão contaminados.
Fujam! Fujam! Soam cornetas, trombetas e tambores. Ecoam agora também os canhões do forte que estavam adormecidos há séculos.
 
À varanda do palácio chega uma embaixada de homens barrigudos, importunada com a confusão. Que vozes são essas? Perguntam. Alguém responde: São vozes de ninguém… Ah! Então é isso?!
 
Os homens barrigudos viram as costas. Fecham as portadas da varanda. Regressam ao conforto do palácio, onde brilham os cristais e o ouro e o mármore e a prataria.
 
Ouvem-se ecos de um brinde. Os homens barrigudos brindam dentro do palácio. A quê? Nunca ninguém jamais o soube. As palavras daquela saudação são abafadas pelo som cristalino de copos.
 
Cá fora o caos continua…
 
in «Os Dias de José... (E Outras Narrativas Desassombradas

© Josefina Maller
 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O MENINO QUE CARREGAVA ÁGUA NA PENEIRA

 
 

 
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
 
A mãe disse que carregar água na peneira
 
Era o mesmo que roubar um vento e sair
Correndo com ele para mostrar aos irmãos.
 
A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.
 
O menino era ligado em despropósitos.
 
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
 
     A mãe reparou que o menino
     gostava mais do vazio
     do que do cheio.
     Falava que os vazios são maiores
     e até infinitos.
 
Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira
 
No escrever o menino viu
     que era capaz de ser
     noviça, monge ou mendigo
     ao mesmo tempo.
 
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro
botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
 
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda
 
Você vai encher os
vazios com as suas peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus despropósitos.
 
MANOEL DE BARROS

terça-feira, 11 de novembro de 2014

BUCÓLICA

 
 


 A vida é feita de nadas:

 De grandes serras paradas

 À espera de movimento;

 De searas onduladas

 Pelo vento;

 

 De casas de moradia

 Caiadas e com sinais

 De ninhos que outrora havia

 Nos beirais;

 De poeira;

 De sombra de uma figueira;

 De ver esta maravilha:

 Meu Pai a erguer uma videira

 Como uma mãe que faz a trança à filha.

Miguel Torga

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

VIVO NO AGORA DE UM FUTURO…

 



Vivo no agora de um futuro...

Não me pertenço.

Não pertenço a este mundo.

Eu sei. Eu sinto. Pressinto.

Simplesmente, percorro um caminho

conduzida ora por brisas, ora por tempestades…

E tal como uma gota de orvalho ou uma folha de Outono... também caio...

Josefina Maller

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

MEU VERSO CATIVO

 
 

Todas as coisas têm o seu verso e o seu reverso

Eu também tenho o meu verso

Cativo num tempo longínquo

Rabiscado no tronco de uma árvore:

«As folhas de Outono não caem, flutuam…»

E tenho o meu reverso marcado pela sonolência

Dos dias da minha existência

Renascida a cada Primavera…

E entre o verso e o reverso oculta-se a tempestade

Que traz atormentada a minha alma…

E para que servirá o verso e o reverso das coisas

Senão para agitar as consciências?...

Josefina Maller

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

terça-feira, 8 de julho de 2014

A TECEDEIRA DE BARCAS

 
 
Pintura: "A tecedeira de Barcas" - Maria João Brito de Sousa

Tecedeira;
(aquela que vive)
 
- Remador da Barca eterna,
Líquidas mãos de cristal,
Dá-me contas desta espera,
Diz-me quem sou, afinal,
 Pois, se ao mar foste em pecado
Na tua Barca- Encantada,
Dele voltaste imaculado
Em forma de água salgada…
( “quem vive”, aguarda na areia,
fitando os olhos de sal
de um mar cuja voz se estreia
na condição de imortal)
 
Remador;
(a Vida/barca)
- Mulher que teces as barcas
Onde havemos de embarcar,
Venho de antigas fronteiras
Antes das ondas do mar,
 Da própria areia da praia
Onde ficavas sentada
Sonhando as mãos que engendraram
A mesma Barca- Encantada…
 
Maria João Brito de Sousa – 2003/4 (?)
Nota – Poema ligeiramente modificado, face ao manuscrito original.
Fonte:

quinta-feira, 22 de maio de 2014

O ESCORPIÃO

 

Um mestre do Oriente viu quando um escorpião estava se afogando e decidiu tirá-lo da água, mas quando o fez, o escorpião o picou.

Pela reacção de dor, o mestre o soltou e o animal caiu de novo na água e estava se afogando de novo.

 O mestre tentou tirá-lo novamente e novamente o animal o picou.

Alguém que estava observar aproximou do mestre e disse:

— Desculpe-me, mas é teimoso! Não entende que todas às vezes que tentar tirá-lo da água ele irá picá-lo?

O mestre respondeu:

— A natureza do escorpião é picar, e isto não vai mudar a minha, que é ajudar.

Então, com a ajuda de uma folha o mestre tirou o escorpião da água e salvou sua vida.

Não mude a tua natureza se alguém te faz algum mal. Alguns perseguem a felicidade, outros a criam. Preocupe-se mais com tua consciência do que com a sua reputação. Porque a tua consciência é o que tu és, e a tua reputação é o que os outros pensam de ti. E o que os outros pensam, não é o nosso problema... é problema deles.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

A FLOR DO MARACUJÁ

 


(Recordando Catullo da Paixão Cearense, poeta, músico e compositor brasileiro, que muito aprecio)


Encontrando-me com um sertanejo,

 Perto de um pé de maracujá,

 Eu lhe perguntei:

 Diga-me caro sertanejo,

 Por que razão nasce branca e roxa,

 A flor do maracujá?

 

Ah, pois então eu lhi conto,

A estória que ouvi contá,

 A razão pro que nasci branca i roxa,

 A frô do maracujá.

 Maracujá já foi branco,

 Eu posso inté lhe ajurá,

 Mais branco qui caridadi,

 Mais brando do que o luá.

 

Quando a frô brotava nele,

 Lá pros cunfim do sertão,

 Maracujá parecia,

 Um ninho de argodão.

 Mais um dia, há muito tempo,

 Num meis que inté num mi alembro,

 Si foi maio, si foi junho,

 Si foi janeiro ou dezembro.

 

Nosso sinhô Jesus Cristo,

 Foi condenado a morrê,

 Numa cruis crucificado,

 Longe daqui como o quê,

 Pregaro cristo a martelo,

 E ao vê tamanha crueza,

 A natureza inteirinha,

 Pois-se a chorá di tristeza.

 

Chorava us campu,

 As foia, as ribeira,

 Sabiá tamém chorava,

 Nos gaio a laranjera,

 E havia junto da cruis,

 Um pé de maracujá,

 Carregadinho de frô,

 Aos pé de nosso sinhô.

 

I o sangui de Jesus Cristo,

 Sangui pisado de dô,

 Nus pé du maracujá,

 Tingia todas as frô,

 Eis aqui seu moço,

 A estória que eu vi contá,

 A razão proque nasce branca i roxa,

 A frô do maracujá

sexta-feira, 2 de maio de 2014

SAWABONA!

 
 
SAWABONA!
Existe uma tribo africana que tem um costume muito bonito.
Quando alguém faz algo prejudicial e errado, eles levam a pessoa para o centro da aldeia, e toda a tribo vem e a rodeia. Durante dois dias, eles vão dizer à pessoa todas as coisas boas que ela já fez.
A tribo acredita que cada ser humano vem ao mundo como um ser bom. Cada um de nós deseja segurança, amor, paz, felicidade. Mas às vezes, na busca dessas coisas, comete-se erros.
 A comunidade interpreta aqueles erros como um grito de socorro.
Eles unem-se então para erguê-lo, para o reconciliar com a sua verdadeira natureza, para lembrá-lo de quem ele realmente é, até que ele se lembre totalmente da verdade da qual ele se tinha afastado temporariamente: «Eu sou bom».
Sawabona Shikoba!
 SAWABONA é um cumprimento usado na África do Sul e quer dizer:
 "Eu te respeito, eu te valorizo. Tu és importante para mim"
Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA, que significa: «Então, eu existo para ti»

quinta-feira, 1 de maio de 2014

O SILÊNCIO DOS LOBOS

 

 Pense em alguém que seja poderoso…

Essa pessoa briga e grita como uma galinha, ou olha e silencia, como um lobo?

 Lobos não gritam.

Eles têm a aura de força e poder.

Observam em silêncio.

Somente os poderosos, sejam lobos, homens ou mulheres, respondem a um ataque verbal com o silêncio.

Além disso, quem evita dizer tudo o que tem vontade, raramente se arrepende por magoar alguém com palavras ásperas e impensadas.

Exactamente por isso, o primeiro e mais óbvio sinal de poder sobre si mesmo é o silêncio em momentos críticos.

Se você está em silêncio, olhando para o problema, mostra que está pensando, sem tempo para debates fúteis.

Se for uma discussão que já deixou o terreno da razão, quem silencia mostra que já venceu, mesmo quando o outro lado insiste em gritar a sua derrota.

Olhe.

Sorria.

Silencie.

Vá em frente.

Lembre-se de que há momentos de falar e há momentos de silenciar.

Escolha qual desses momentos é o correto, mesmo que tenha de se esforçar para isso.

 Por alguma razão, provavelmente cultural, somos treinados para a (falsa) ideia de que somos obrigados a responder a todas as perguntas e reagir a todos os ataques.

Não é verdade!

Você responde somente ao que quer responder e reage somente ao que quer reagir.

Você nem mesmo é obrigado a atender o seu telefone pessoal.

 Falar é uma escolha, não uma exigência, por mais que assim o pareça.

Você pode escolher o silêncio.

Além disso, você não terá que se arrepender por coisas ditas em momentos impensados, como defendeu Xenocrates, mais de trezentos anos antes de Cristo, ao afirmar:

Me arrependo de coisas que disse, mas jamais do meu silêncio”.

Responda com o silêncio, quando for necessário.

Use sorrisos, não sorrisos sarcásticos, mas reais.

Use o olhar, use um abraço ou use qualquer outra coisa para não responder em alguns momentos.

Você verá que o silêncio pode ser a mais poderosa das respostas.

 E, no momento certo, a mais compreensiva e real delas.

Texto de Aldo Novak

Fonte:
https://www.facebook.com/aldonovak/photos/a.470641204755.256117.351646354755/10152370730494756/?type=1&theater

quarta-feira, 30 de abril de 2014

A POBREZA DE ESPÍRITO É A VERDADEIRA POBREZA

  
 
Um homem pobre perguntou a Buda:

- Por que sou tão pobre?

Buda respondeu:

- Tu não aprendeste a dar.

 Então o homem pobre disse:

- Mas se eu nada tenho!...

Buda replicou:

 - Tu tens algumas coisas. Tens um rosto que pode dar um sorriso; uma boca para confortar os outros; um coração que pode abrir-se para os outros; olhos que podem olhar o outro com bondade; um corpo que pode ser usado para ajudar os outros; como vês, não és assim tão pobre. A pobreza de espírito é a verdadeira pobreza.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

O GATO E A ESPIRITUALIDADE

 
 


Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não gosta do gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério.

O gato não se relaciona com a aparência do homem. Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência. Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E defende-se do afago.

A relação dele é com o que está oculto, guardado, e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso, quando surge nele um acto de entrega, de subida no colo ou manifestação de afecto, é algo muito verdadeiro, que não pode ser desdenhado. É um gesto de confiança que honra quem o recebe, pois significa um julgamento.

O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode, ele que enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente do que nós. Nada diz, não reclama. Afasta-se.

Quem não o sabe "ler" pensa que "ele" não está ali. Presente ou ausente, ele ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, ele comunica códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir.

O gato vê mais e vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluídos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é médium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma oportunidade de meditação permanente ao nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério.

O gato é um monge silencioso, meditativo e sábio monge, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado.

O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante, à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e de novas inter-relações, infinitas, entre as coisas.

O gato é uma lição diária de afecto verdadeiro e fiel. As suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Desatentos não agradam os gatos. Os conflituosos os irritam. Tudo o que precise de promoção ou explicação quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências.

Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato! Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração ioga. Ensina a dormir com entrega total e diluição recuperante no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos os músculos, preparando-os para a acção imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo (quase 15 minutos) aquecendo-se para entrar em campo.

O gato sai do sono para o máximo de acção, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, a qual ama e preserva como a um templo. Lição de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio. Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contacto com o mistério, com o escuro, com a sombra. Lição de religiosidade sem ícones. Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gosto e senso de oportunidade. Lição de vida, enfim, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências, sem exigências.

O gato é uma oportunidade de interiorização e sabedoria, posta pelo mistério à disposição do homem. O gato é um animal que tem muito quartzo na glândula pineal, é portanto um transmutador de energia e um animal útil para cura, pois capta a energia ruim do ambiente e transforma em energia boa – normalmente onde o gato se deita com frequência, significa que não tem boa energia –  caso o animal comece a deitar-se em alguma parte de nosso corpo de forma insistente, é sinal de que aquele órgão ou membro está doente ou prestes a adoecer, pois o gato já percebeu a má energia   no referido órgão e então ele escolhe deitar nesta parte do corpo para limpar essa energia que ali existe.

Observe-se que do mesmo jeito que o gato se deita em determinado lugar, ele sai de repente, poi ele sente que já limpou a energia do local e não precisa mais dele. O amor do gato pelo dono é de desapego, pois enquanto precisa ele está por perto, quando não, ele afasta-se.

No Egipto dos faraós, o gato era adorado na figura da deusa Bastet, representada comumente com corpo de mulher e cabeça de gata. Esta bela deusa era o símbolo da luz, do calor e da energia. Era também o símbolo da lua, e acreditava-se que tinha o poder de fertilizar a terra e os homens, curar doenças e conduzir as almas dos mortos. Nesta época, os gatos eram considerados guardiões do outro mundo, e eram comuns em muitos amuletos.

"O gato imortal existe, em algum mundo intermediário entre a vida e a morte, observando e esperando, passivo até o momento em que o espírito humano se torna livre. Então, e somente então, ele irá liderar a alma até ao seu repouso final."

 Fonte: The Mythology Of Cats, Gerald & Loretta Hausman
(Uipa Sp)