O que mais me seduz
em ti
é o sorriso que sempre
encontro nos teus lábios
apesar de saber dos teus
medos
dos teus desencantos
e da solidão a que te
impões quando
as sombras caem
sobre a tua cela de monge
e no silêncio da noite
apagas o teu desejo
de liberdade
numa oração...
O que mais me fascina
em ti
é a alegria com que
vives a tua vida
enclausurada entre
as velhas pedras de
um mosteiro
que te dá abrigo e
onde encontras
a tranquilidade
com que embalas
a tua alma
e a quietude com que
adormeces
os teus sonhos...
O que mais me cativa
em ti
é essa arte que buscas
entre as coisas de Deus
e a devolves, depois,
aos mortais como
relíquias eternas
para serem admiradas
veneradas
através de formas divinas
anjos e arcanjos
santos e santas
flores de um jardim
imaginário
de um paraíso só teu...
O que mais me encanta
em ti
é a fé que me transmites
com o teu modo de ser
e de viver os mistérios de
Deus
de quem por vezes
me afasto
e me perco
para encontrá-lo de novo
em ti
no teu sorriso
na tua alegria
na tua arte
na tua imensa fé...
Salvé Josefina
ResponderEliminarEmbalado pela sua magnífica escolha musical, aqui vou eu retomar um diálogo nascido à sombra da Ordem de Cister e por isso questionando a sua visão do monge que apaga o seu desejo de liberdade com a oração do adormecimento.
Sim, há alguns poucos, e talvez esse que conhece ou idealiza, mas a maior parte ora sentem-se livres ainda que com as suas regras conventuais ora não tem a liberdade como uma necessidade que os perturbe na sua renuncia ao mundo...
Mas certamente alguns monges que deixaram amores no mundo ou que se amputaram podem estar nessa situação que aponta ou poetiza, tentando adormecer os seus sonhos ou as aspirações menos solitárias...
Não me parece contudo que o paraíso do monge seja só dele (sobretudo havendo tantos cristãos acreditando nele ou no corpo místico de Cristo), ou que os santos e anjos sejam apenas relíquias ou flores de um jardim imaginário, pois a vida é eterna e infinita e os espíritos são imortais e os anjos estão connosco real e vivencialmente...
Mas é belo o sorriso, a fé, a paz e o amor a Deus transmitidos e que se evolam também do poema.
Este poema dediquei-o ao meu guia espiritual, precisamente um monge cisterciense, que existe na realidade, e que tem em Cristo a sua vida. A ele recorro quando ando perdida, e ele coloca-me naquele caminho que quero seguir, e do qual, por vezes me desvio, porque na outra margem encontro uma outra pequena flor que desconhecia.
ResponderEliminarQuem é Pedro T. da Mota?
Sim, caminhos e flores, desvios e perdidas acontecem. E os nossos guias, ou referências, ou práticas são bem necessários e louváveis...
ResponderEliminarO Pedro é também uma alma no caminho, na aspiração, calma ou ardência do divino e do espiritual, soletrando o Logos, Verbo ou Sermo, em textos, livros ( o último, uma tradução comentada do Modo de Orar a Deus, de Erasmo), palestras, diálogos ou peregrinações..