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sábado, 13 de agosto de 2011

A VISÃO DO PARAÍSO...



O lugar é aquele
Que rasgou os véus da minha juventude...
O céu é o mesmo.

Azul.
Aquele azul de que sou feita.
O arvoredo acolhe-me,

Num terno e delicado abraço.
...

Sinto então o paraíso
Recolher-se no meu olhar.

Deixo-o ficar... assim...

 Amoroso,
Para toda a eternidade...

© Josefina Maller

terça-feira, 2 de novembro de 2010

NOTAS PARA UMA REFLEXÃO SOBRE A INTERFERÊNCIA DO HOMEM NA VIDA DO PLANETA




NOTA PRIMEIRA


Depois de criado o Céu, e de separadas as águas da terra, e de a luz ter alternado com as trevas, e de as estrelas iluminarem o firmamento, e de o Sol e de a Lua distinguirem os dias das noites, vieram as plantas de todas as espécies, desde os mais frondosos embondeiros, à mais pequenina e frágil flor da planície, e nasceram então os verdes prados e os silenciosos bosques.

Vieram depois os animais marinhos, igualmente de todas as espécies, e coloriram as profundezas do mar.

Vieram as aves, aladas, e dominaram as alturas. Vieram todos os animais terrestres, desde os mais fortes, às mais delicadas borboletas.

E só depois de todas as criaturas terem experimentado, por uns breves tempos, uma vivência pacífica, num paraíso feito de harmoniosa beleza, surgiu, por fim, o homem, que não veio só. Com ele veio também aquela que, dali em diante, daria vida à vida – a mulher.

E este foi o início do caos.

© Josefina Maller

Origem da foto: http://www.meupapeldeparedegratis.net/fantasy/pages/lost-paradise.asp

terça-feira, 11 de maio de 2010

ERA ENTÃO O MUNDO UM LUGAR DE DESENCANTO…


Era então o Mundo um lugar de desencanto, macerado pela dor de uma agonia, lenta e irremediável. Devorado por séculos de uma ignorância e uma incúria inconcebíveis. Inaudível, nos seus lamentos mais lancinantes. Um lugar onde o cantar da cotovia soava a melodia fúnebre.

Era o tempo de todos os tempos. Infinito. Imutável. Inexorável...

Até que um dia…

Subitamente, os céus rasgaram-se num esgar de fúria.




As nuvens foram, num ápice, sugadas pela boca imensa de um tufão e, por todo o Planeta, soou um rugido medonho, saído de entranhas, longínquas e desconhecidas, como se alguém estivesse a assassinar o Universo, desferindo-lhe golpes de uma inacreditável crueldade, e o Universo, trespassado pela dor súbita, provocada por essa desordem, não pôde conter o seu grito. Os ventos uivaram com toda a raiva que os vinha sufocando desde os tempos em que a Mãe Natureza começou a sentir os primeiros sintomas de uma doença grave, que veio a demonstrar ser altamente contagiosa e que foi se agravando à medida em que algo a que se chamou progresso ia avançando. Os uivos do vento ecoaram, então, por todo o Universo, como um grito de libertação.

Era então o caos. O caos sublime.

Tudo aconteceu inesperadamente.

As carnes de todos os seres vivos começaram a cair como chuva fétida. Homens e mulheres, velhos e novos foram atacados pelo que se admite ter sido o mais surpreendente tédio do Universo. Fracos e fortes, bons e maus, todos os animais vertebrados e invertebrados, caminhantes e rastejantes sobre a Terra evolaram-se, então, impelidos por uma ventania endoidecida. Toda a vegetação murchou e as águas das fontes, dos rios, dos lagos e dos oceanos secaram, tal o poder flamífero do Sol que, saturado, cingiu o planeta com um deslumbrante manto de fogo. E esse fogo era tudo o que restava do caos.

Veio depois o vazio.

O nada, na sua mais absoluta significância. O nada, mas não as trevas. Era uma luz intensa que fulgurava. Tão ofuscante que causaria pasmo e aquele terror primordial do desconhecido, se alguém ficasse para contemplá-la.

Iniciara-se revolta dos elementos. Ferozes. Saturados de raivas acumuladas, há longos, longos séculos, pelos maus-tratos que lhes foram infligidos. Desprotegido, o Planeta ficou então inteiramente à mercê de um Sol insensível, único elemento dominante no caos em que o Universo se transformou, o qual envolveu a Terra num abraço funesto, ao lançar os seus raios ultravioletas, como flechas envenenadas, sobre todos os povos.

Todavia, pela Terra, deambulava o esqueleto de um homem que, misteriosamente, sobrevivera ao tédio do Universo. Um ser sonâmbulo. Amostra de um caos absoluto. Simulacro de sombra ou vivo-morto, sem condição para repousar, em paz, o corpo descarnado. Por isso, aguardava, expectante, o desfecho desta rebelião dos elementos, e um destino singular e inimaginável, que o aguardava, lá, num lugar secreto, onde a vida fluía como um milagre…


in «A HORA DO LOBO» © de Josefina Maller (a aguardar publicação)