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terça-feira, 13 de abril de 2010

QUANDO O MUNDO NÃO CHEGA PARA ACOLHER A MINHA ERRÂNCIA... NA FÉ DE UM MONGE ME ABRIGO...



O que mais me seduz

em ti

é o sorriso que sempre

encontro nos teus lábios

apesar de saber dos teus

medos

dos teus desencantos

e da solidão a que te

impões quando

as sombras caem

sobre a tua cela de monge

e no silêncio da noite

apagas o teu desejo

de liberdade

numa oração...



O que mais me fascina

em ti

é a alegria com que

vives a tua vida

enclausurada entre

as velhas pedras de

um mosteiro

que te dá abrigo e

onde encontras

a tranquilidade

com que embalas

a tua alma

e a quietude com que

adormeces

os teus sonhos...


O que mais me cativa

em ti

é essa arte que buscas

entre as coisas de Deus

e a devolves, depois,

aos mortais como

relíquias eternas

para serem admiradas

veneradas

através de formas divinas

anjos e arcanjos

santos e santas

flores de um jardim

imaginário

de um paraíso só teu...


O que mais me encanta

em ti

é a fé que me transmites

com o teu modo de ser

e de viver os mistérios de

Deus

de quem por vezes

me afasto

e me perco

para encontrá-lo de novo

em ti

no teu sorriso

na tua alegria

na tua arte

na tua imensa fé...

3 comentários:

  1. Salvé Josefina
    Embalado pela sua magnífica escolha musical, aqui vou eu retomar um diálogo nascido à sombra da Ordem de Cister e por isso questionando a sua visão do monge que apaga o seu desejo de liberdade com a oração do adormecimento.
    Sim, há alguns poucos, e talvez esse que conhece ou idealiza, mas a maior parte ora sentem-se livres ainda que com as suas regras conventuais ora não tem a liberdade como uma necessidade que os perturbe na sua renuncia ao mundo...
    Mas certamente alguns monges que deixaram amores no mundo ou que se amputaram podem estar nessa situação que aponta ou poetiza, tentando adormecer os seus sonhos ou as aspirações menos solitárias...
    Não me parece contudo que o paraíso do monge seja só dele (sobretudo havendo tantos cristãos acreditando nele ou no corpo místico de Cristo), ou que os santos e anjos sejam apenas relíquias ou flores de um jardim imaginário, pois a vida é eterna e infinita e os espíritos são imortais e os anjos estão connosco real e vivencialmente...
    Mas é belo o sorriso, a fé, a paz e o amor a Deus transmitidos e que se evolam também do poema.

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  2. Este poema dediquei-o ao meu guia espiritual, precisamente um monge cisterciense, que existe na realidade, e que tem em Cristo a sua vida. A ele recorro quando ando perdida, e ele coloca-me naquele caminho que quero seguir, e do qual, por vezes me desvio, porque na outra margem encontro uma outra pequena flor que desconhecia.
    Quem é Pedro T. da Mota?

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  3. Sim, caminhos e flores, desvios e perdidas acontecem. E os nossos guias, ou referências, ou práticas são bem necessários e louváveis...
    O Pedro é também uma alma no caminho, na aspiração, calma ou ardência do divino e do espiritual, soletrando o Logos, Verbo ou Sermo, em textos, livros ( o último, uma tradução comentada do Modo de Orar a Deus, de Erasmo), palestras, diálogos ou peregrinações..

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