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quinta-feira, 11 de março de 2010

SONATA EM FUGA...



Fujo do vento
que fustiga a minha melodia
ainda inacabada.

Fujo do tempo e
das madrugadas
do meu desencanto.

Fujo da cotovia
cujo canto enfeitiça
o meu querer.

Fujo das vozes
que no meu ser
gritam o desespero.

Fujo da noite
que me envolve em sonhos
impossíveis de sonhar.

Fujo de mim
morrendo lentamente
desde o dia em que deixei
o cálido ventre de minha mãe...

...

Ó vento, segue o teu rumo
e deixa-me a sós com a minha melodia!

Ó tempo, pára por um instante
e devolve-me as madrugadas que foram minhas!

Ó cotovia, liberta-me do teu canto
e quebra o feitiço que a ti me prende!

Ó vozes, parai de gritar
para que eu ouça apenas o meu silêncio!

Ó noite, adormece-me em ti
ou então deixa-me partir,
porque perdi o momento de existir
e preciso de voltar ao cálido ventre de minha mãe...

2 comentários:

  1. Um certo desencanto ou tristeza ecoa...
    Depois de nascermos, o cálido ventre maternal só pode ser re-experimentado no amor, carinho e contacto com a mãe. Ou então em meditações e rgressões profundas que nos levem até lá. Ou, finalmente, orando ao Princípio feminino de Deus, entre nós a Nossa senhora, para que a sua pureza e fecundidade imensa nos purifique e faça renascer de novo.
    A modesta oração da Avé-Maria pode bem servir para despoletar o fogo ou as águas lustrais do renascimento

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  2. O desencanto é uma permanência na minha existência. Por vezes sinto que estou no lugar errado, com as pessoas erradas a fazer as coisas erradas, embora a escrita seja a minha vida. Por isso essa vontade do aconchego, longe do tempo presente...

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