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sábado, 6 de dezembro de 2014

ENTRE O LUAR E A FOLHAGEM

 
 


Entre o luar e a folhagem,

Entre o sossego e o arvoredo,

Entre o ser noite e haver aragem

Passa um segredo.

Segue-o minha alma na passagem.


Ténue lembrança ou saudade,

Princípio ou fim do que não foi,

Não tem lugar, não tem verdade.

Atrai e dói.


Segue-o meu ser em liberdade.

 Vazio encanto ébrio de si,

Tristeza ou alegria o traz?

O que sou dele a quem sorri?

Nada é nem faz.

Só de segui-lo me perdi.

 Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

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