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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

EU GOSTO DAS ALDEIAS SOSSEGADAS...




Eu gosto das aldeias sossegadas

com seu aspecto calmo e pastoril,
erguidas nas colinas azuladas,
mais frescas que as manhãs finas de Abril.

Pelas tardes das eiras, como eu gosto
de sentir a sua vida activa e sã!
Vê-las na luz dolente do sol-posto,
e nas suaves tintas da manhã!…

As crianças do campo, ao amoroso
calor do dia, folgam seminuas,
e exala-se um sabor misterioso
da agreste solidão das suas ruas.

Alegram as paisagens as crianças
mais cheias de murmúrios de que um ninho;
e elevam-nos às coisas simples, mansas,
ao fundo, as brancas velas de um moinho.

Pelas noites de Estio, ouvem-se os ralos
zunirem suas notas sibilantes…
E mistura-se o uivar dos cães distantes
com o cântico metálico dos galos.

Gomes Leal, in Claridades do Sul


4 comentários:

  1. Um bucólico de vez em quando
    Cheirando a mato ou roseiral
    Faz-nos sentir outros, glosando
    As "claridades" do Gomes Leal

    Nessas aldeias sossegadas
    de serenidade pastoril
    o céu azul às pinceladas
    amorna o fresco primaveril.

    Efe (poesia kitschunga)

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  2. De vez em quando uma lufada de bucolismo faz bem à alma, sim. E a poesia kitschunga também.

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  3. Obrigado por partilhar o Gomes Leal que foi "o pior dos grandes poetas da humanidade", escreveu Fernando Pessoa. Talvez injusto mas diz da admiração de Pessoa por esse grande poeta que escreveu a senhora duquesa de brabante" e outras claridades do sul. Eu adoro GOmes LEal e há um estudo inesquecivel sobre ele de Vitorino Nemésio.

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  4. Obrigada, mch. Também gosto de Gomes Leal, especialmente este poema, que me conduz ao tempo da infância, e de férias inesquecíveis em lugares verdadeiramente paradisíacos: as aldeias de Portugal.

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