Era um lago de águas azuis, luminosas e tranquilas, entre montanhas, de neves eternas, um dos muitos que abundam no Tibete, tornando-o um lugar de peregrinação, mesmo para aqueles que em nada crêem.
O Sol mostrava-se, timidamente. Sentia-se o silêncio, naquele lugar, como o trinar misterioso de um pássaro. Pelas suas margens, pensativo, descalço, vagarosamente, caminhava um vulto, como se flutuasse. Dir-se-ia que fazia parte daquela paisagem, plácida e paradisíaca. De súbito, vergou-se sobre aquelas águas transparentes e contemplou o seu rosto, longamente.
Eu, que por ali também deambulava, um pouco perdida de mim e do mundo, aproximei-me. O vulto ergueu-se e fixou o seu olhar no meu. Os seus cabelos, escuros e longos, contrastavam com a túnica branca e larga que lhe chegava aos pés. Uma barba espessa moldava-lhe um rosto muito belo, de uma idade sem idade. Dir-se-ia que eterna. Os olhos, serenos e melífluos, de um castanho claro, profundos como um oceano, reflectiam a luz da manhã e o infinito...
Galatea e Triton é o nome de uma belíssima aguarela de Doris Mauser (uma brilhante artista plástica) e que adoptei para designar este Blog, tão-só porque o meu limite é o infinito, o mundo dos mitos, o mundo das luas, dos sóis, das galáxias...
Sou Nefelibata por natureza, por isso cavalgo numa nuvem e vagueio no espaço...
Este será um lugar de voos, prosas errantes, tudo e nada ao mesmo tempo. Um espaço onde soprarão os ventos, e as águas galgarão as margens para atingir o outro lado, aquele que se esconde debaixo das folhas mortas das árvores...
Gnomos andarão à solta por aqui... e eu serei o pirilampo que brilhará nas trevas...
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