Rajid era a obra-prima do Criador.
Nobre, de músculos fortes, perfil bem desenhado e sereno, o seu corpo negro, macio e brilhante contrastava com o verde da planície onde nascera. Os seus olhos de azeviche assemelhavam-se a duas estrelas a brilhar na noite.
Era meigo e suave como uma libelinha. Contudo, havia nele algo de agreste. Nasceu sem ter sido gerado. Nasceu livre e selvagem. Era filho da planície, mas também dos bosques, das florestas.
Como era belo e perfeito
Rajid! O seu olhar profundo e penetrante fazia estremecer a natureza. E as flores, tímidas, só de olhá-lo, tornavam-se mais coloridas.
O primeiro dia de vida na Terra havia começado para o cavalo selvagem e para todos os outros seres, que experimentavam a maravilhosa sensação de fazer parte de um mundo harmonioso e perfeito. Todos sentiam a mesma curiosidade acerca da sua própria existência e do que os cercava. Estavam como que enfeitiçados pela grandiosidade do momento que acabavam de viver.
Rajid não escapou ao feitiço, e espreguiçava o olhar, extasiado, pela planície salpicada de pequenas flores.
Do outro lado, o bosque, com as suas cúpulas verdes, era um desafio à sua imaginação. Teria toda uma vida para desvendar os seus mistérios.
Naquele momento, o vale, envolto em bruma, prendia a atenção de
Rajid, mais do que tudo o resto.
in «
História de um Cavalo Selvagem» © Josefina Maller (a aguardar publicação)
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