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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

CRÍTICA À «HORA DO LOBO»


Bom dia, Josefina. Acabei, aqui na pacatez de Penacova, de ler a sua «Hora do Lobo». Pedia-me as minhas impressões.

Primeira impressão:
Gostei, a sua escrita é muito forte, empolgante, densa, com uma seleção de palavras riquíssima. As suas adjectivações, duplas, triplas, são surpreendentes e certeiras. Aparecem de repente comparações e metáforas muito interessantes. As suas descrições de ambientes, os jardins, os desertos, até os vazios são muito sugestivos, realistas e cativantes.

Segunda impressão:
O seu retrato do mundo é terrível, por vezes tristíssimo, por vezes muito cínico, sempre crítico. Um pouco maniqueista. O domínio do Homoparvus sobre a Humanidade é aterrador. Mas de certo modo estou de acordo.

Terceira impressão, a mais importante e difícil de transmitir:
Oskar Kapriolo, a sua fábula (eu diria Alegoria, talvez), a sua mundividência e o seu dilema perante o arbusto-do-lobo. Confesso que não compreendi muito bem a opção final dele. Mas depreendo que a escritora o fez de propósito para deixar a narrativa aberta e a decisão como que passar para a consciência do próprio leitor, não será?
Gostei muito do livro.

António Manuel Castanheira

***
António, agradeço a amabilidade que teve ao enviar-me as suas impressões, pois são sempre importantíssimas para a evolução de um autor.

«A Hora do Lobo» é um livro de intervenção social, um livro para agitar as consciências adormecidas, como tal, e devido ao caos em que se encontra o mundo, pretendi acentuar o lado negro, comum aos povos dominados pelo Homoparvus, e também pelo mesmo motivo, deixei o final da narrativa aberto à decisão dos leitores. Cada um terá a sua própria ideia.

Afinal, qual teria sido a decisão de Oskar? Será exactamente aquela que o leitor teria, se estivesse no lugar da personagem. É essa interactividade que proponho.

Obrigada, António.

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