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segunda-feira, 13 de abril de 2015

DAS PALAVRAS...

 


Quanto a mim gosto das palavras que sabem a terra, a água, aos frutos do Verão, aos barcos no vento; gosto das palavras lisas como os seixos, rugosas como o pão de centeio.

Palavras que cheiram a feno e a poeira, a barro e a limão, a resina e a sol. Foi com essas palavras que fiz os poemas.

Palavras rumorosas de sangue, colhidas no espaço luminoso da infância, quando o tempo era cheio, redondo, cintilante.

As palavras necessárias para conservar ainda os olhos abertos ao mar, ao céu, às dunas, sem vergonha, como se os merecesse, e a inocência pudesse de quando em quando habitar os meus dias.

As palavras são a nossa salvação.

Eugénio de Andrade

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