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quarta-feira, 26 de março de 2014

ÁRVORE, CUJO POMO, BELO E BRANDO…

 


 Árvore, cujo pomo, belo e brando,

 natureza de leite e sangue pinta,

 onde a pureza, de vergonha tinta,

 está virgíneas faces imitando;

 

 Nunca da ira e do vento, que arrancando

 os troncos vão, o teu injúria sinta;

 nem por malícia de ar te seja extinta

 a cor, que está teu fruito debuxando.

 

 Que pois me emprestas doce e idóneo abrigo

 a meu contentamento, e favoreces

 com teu suave cheiro minha glória,

 

 Se não te celebrar como mereces,

 cantando-te, sequer farei contigo

 doce, nos casos tristes, a memória.

Luís Vaz de Camões

Foto © JOSEFINA MALLER

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