(Recordando Catullo
da Paixão Cearense, poeta, músico e compositor brasileiro,
que muito aprecio)
Encontrando-me com um sertanejo,
Perto de um
pé de maracujá,
Eu lhe
perguntei:
Diga-me caro
sertanejo,
Por que razão
nasce branca e roxa,
A flor do
maracujá?
Ah, pois então eu lhi conto,
A estória que ouvi contá,
A razão pro
que nasci branca i roxa,
A frô do
maracujá.
Maracujá já
foi branco,
Eu posso inté
lhe ajurá,
Mais branco
qui caridadi,
Mais brando
do que o luá.
Quando a frô brotava nele,
Lá pros
cunfim do sertão,
Maracujá
parecia,
Um ninho de
argodão.
Mais um dia,
há muito tempo,
Num meis que
inté num mi alembro,
Si foi maio,
si foi junho,
Si foi
janeiro ou dezembro.
Nosso sinhô Jesus Cristo,
Foi condenado
a morrê,
Numa cruis
crucificado,
Longe daqui
como o quê,
Pregaro
cristo a martelo,
E ao vê
tamanha crueza,
A natureza
inteirinha,
Pois-se a
chorá di tristeza.
Chorava us campu,
As foia, as
ribeira,
Sabiá tamém
chorava,
Nos gaio a
laranjera,
E havia junto
da cruis,
Um pé de
maracujá,
Carregadinho
de frô,
Aos pé de
nosso sinhô.
I o sangui de Jesus Cristo,
Sangui pisado
de dô,
Nus pé du
maracujá,
Tingia todas
as frô,
Eis aqui seu
moço,
A estória que
eu vi contá,
A razão
proque nasce branca i roxa,
A frô do
maracujá
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