sábado, 18 de novembro de 2017
domingo, 27 de novembro de 2016
SEDENTA DO VERDE DA FOLHAGEM...
As palavras que ouço os
pássaros cantar são as que escrevo, iluminadas pela luz verde que emana do Bosque,
onde os castanheiros florescem...
Bebo sofregamente o verde
desse Bosque, para levá-lo no meu olhar, na hora de partir...
E quando ao entardecer,
entre a selva da cidade, ouvir os sinos da Igreja tocar, ao fechar os olhos,
terei diante de mim aquele Bosque que toca os céus do meu refúgio…
Josefina Maller
terça-feira, 11 de outubro de 2016
A LUZ NOS TEUS OLHOS
Falemos, então, da morte: para que serve?
Não sei, mas julgo que virá quando
nada mais houver a dizer, e for tempo
de um último café e ir embora.
Será
o fim de tudo? Espero que não:
gosto de viajar, sabem? Sou curioso,
tal como os hominídeos, atrai-me
saber o que fica para lá do poente.
E
depois, não consigo acreditar no fim
das coisas: a luz nos teus olhos, amiga,
é demasiado bela para uma só vida.
Nenhum sol vem para iluminar um só dia.
Gonçalo
B. de Sousa
5-4-2005
terça-feira, 17 de maio de 2016
A BONECA VIAJANTE
Um
ano antes de sua morte, Franz Kafka viveu uma experiência singular.
Passeando
pelo parque de Steglitz, em Berlim, encontrou uma menina chorando porque havia
perdido a sua boneca.
Kafka
ofereceu ajuda para encontrar a boneca e combinou um encontro com a menina, no
dia seguinte no mesmo lugar.
Não
tendo encontrado a boneca, ele escreveu uma carta como se fosse a boneca e
leu-a para a menina quando se encontraram.
A
carta dizia: “Por favor, não chore por mim, parti numa viagem para ver o
mundo.”
Durante
três semanas, Kafka entregou pontualmente à menina outras cartas que narravam
as peripécias da boneca em todos os cantos do mundo: Londres, Paris,
Madagáscar…
Tudo
para que a menina esquecesse a grande tristeza!
Esta
história foi contada a alguns jornais e inspirou um livro de Jordi Sierra i
Fabra (Kafka e a Boneca Viajante) onde o escritor imagina como teriam sido as
conversas e o conteúdo das cartas de Kafka.
No
fim, Kafka presenteou a menina com uma outra boneca.
Ela
era obviamente diferente da boneca original.
Numa carta anexa explicava: «As minhas viagens
transformaram-me…».
Anos
depois, a menina encontrou uma carta escondida numa abertura da boneca que
substituiu a perdida.
O
bilhete dizia:
«Poderás
eventualmente perder tudo o que tu amas, mas, no fim, o amor retornará numa
forma diferente».
«Franz
Kafka e a Boneca Viajante» (Adaptado)
quinta-feira, 17 de março de 2016
INSISTO, LOGO EXISTO...
Se não fores capaz de rezar
Chora
Porque as lágrimas são preces silenciosas...
Se não fores capaz de chorar
Sorri
Porque o sorriso é a arma dos inocentes...
Se não fores inocente, não faz mal,
Todos carregamos uma culpa.
O importante é evoluirmos...
Se não conseguires evoluir, não te atires de uma ponte,
Senta-se à beira do rio
E ouve o que diz as águas...
Elas dir-te-ão:
Vai, segue o teu caminho...
Se encontrares uma pedra, rodeia-a,
Mas vai,
Descobrirás sempre a saída para o mar
E no mar encontrarás a força que te falta...
Ele dir-te-á:
Insisto, logo existo, insisto, logo existo…
E vai rolando as suas águas continuamente…
Isabel A. Ferreira
terça-feira, 15 de março de 2016
DA ALMA…
François-Joseph-Victor
Broussais, um médico francês, disse jamais ter encontrado a alma na ponta de um
bisturi… como se alma pudesse dar esse prazer aos mortais, ainda mais na ponta
de um instrumento tão inapropriado para uma alma poder dependurar-se…
Josefina
Maller
sexta-feira, 20 de novembro de 2015
DESABAFO
É difícil sorrir diante de ruínas…
É difícil continuar a luta quando nos deixam a pelejar
sozinhos no campo de batalha…
É difícil dizer adeus com vontade de ficar…
Mas ficar neste vazio a que me condenaram (e eu nem
sei porquê) é ainda mais difícil…
Então que motivos terei para continuar aqui, neste
lugar quase despovoado?
Isabel A. Ferreira
(Origem da imagem: Internet)
(Origem da imagem: Internet)
domingo, 18 de outubro de 2015
O DESABROCHAR DAS ROSAS
Recatadas
Entre o verde da folhagem,
As rosas,
Ainda envoltas no seu véu virginal,
Abrem-se à luz...
Desnudando-se languidamente
Em rubra inquietação…
Para que nos meus olhos
Se cumpra
A natureza
Do mistério da Vida...
Josefina Maller
segunda-feira, 13 de abril de 2015
DAS PALAVRAS...
Quanto a mim gosto das palavras que sabem a terra, a
água, aos frutos do Verão, aos barcos no vento; gosto das palavras lisas como
os seixos, rugosas como o pão de centeio.
Palavras que cheiram a feno e a poeira, a barro e a
limão, a resina e a sol. Foi com essas palavras que fiz os poemas.
Palavras rumorosas de sangue, colhidas no espaço
luminoso da infância, quando o tempo era cheio, redondo, cintilante.
As palavras necessárias para conservar ainda os olhos
abertos ao mar, ao céu, às dunas, sem vergonha, como se os merecesse, e a
inocência pudesse de quando em quando habitar os meus dias.
As palavras são a nossa salvação.
Eugénio de Andrade
domingo, 15 de fevereiro de 2015
O SILÊNCIO…
Esta manhã
embrenhei-me no bosque
em busca do silêncio
e ouvi os meus passos
trilhando as folhas secas do caminho…
Ouvi o gemido terno do vento
nas árvores;
o lamento sublime de um pássaro
solitário…
Ouvi o murmúrio vago da água
de um riacho
e o rumor brando
da folhagem nele reflectida…
Só então me apercebi
de que o silêncio é feito de muitas
sonâncias
que nos arrebatam os sentidos…
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