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terça-feira, 30 de novembro de 2010

DESACERTO...




Não sou,

Não sei,

Não vou,

Não quero...


Não quero que saibas.

Não quero que fales.

Não quero que grites.

Não quero que vejas.

Não quero que sintas.

Não quero...

Quero apenas que ouças

O que tenho para dizer...


© Josefina Maller (foto e texto)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

TEMPESTADE...



Solitariamente,
a noite chora
e chove lágrimas
e suspira dores
e grita ventanias...



As estrelas estremecem e,
com medo,
a Lua apaga-se...

© Josefina Maller

Web site desta imagem: magopatologico.wordpress.com

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

ROSA DO DESERTO...



A manhã irrompeu ensanguentada,


cobrindo o deserto de flores escarlates.

Entre elas, colhi a mais bela,

para te oferecer,

a ti,

minha amada...

Oskar Kapriolo


in «A Hora do Lobo» © Josefina Maller (a aguardar publicação)

Web site da imagem: flores.fotosblogue.com

terça-feira, 16 de novembro de 2010

EXCERTO DO PRIMEIRO DISCURSO IMPRÓPRIO DE OSKAR KAPRIOLO


A vida ensinou-me que «ao mar o que é do mar, à terra o que é da terra, à floresta o que é da floresta. O homem rouba, a Natureza reage». Esta é uma lei natural inscrita nas entrelinhas do gigantesco livro cósmico, e que a falta de lucidez e a cegueira mental do homopredador nunca permitiram que lesse.


É chegada a hora de ouvir os apelos do planeta enfermo, que chora nas tempestades; que vomita nas erupções vulcânicas; que vocifera no uivo dos ventos; que estrebucha nos tremores de terra; que submerge nos maremotos; que arde nos lumes que a Natureza incendeia. Não serão suficientes estas advertências para vos aperceberdes do início da revolta do Ar, da Água, da Terra e do Fogo? Que cegueira é essa que vos ofusca para só verdes ourama à vossa frente? Atentai nas ameaças que nos atormentam: o abate desordenado de árvores; a erosão dos solos; o excesso de pastoreio, o abuso da caça e da pesca; a contaminação das águas; o extermínio de seres válidos, apenas pelo prazer ou pela conveniência inútil da exterminação.

Primeiro, o homem destrói tudo, indiscriminadamente, ao seu redor, em nome do malfadado progresso, do ilusório bem-estar e da falaciosa opulência. E a Natureza, desse modo violentada, ferida na delicadeza e na generosidade com que nos entrega as suas oferendas, reage, e ela própria provoca os seus estragos, através de tempestades, inundações, fogos, terramotos, maremotos. Depois, os indivíduos, verdadeiramente desesperados, decretam: «É proibido caçar, é proibido pescar, é proibido poluir... É preciso plantar árvores. É urgente proteger a Natureza…». E apressam-se a inventar slogans: «Ajudem o futuro: salvem as árvores!» «Por um planeta mais azul...!»

No entanto, é mais urgente aprender uma nova ética: a ética do ser, para isso a educação e o ensino devem centrar-se na formação desse ser, e não expressamente na acumulação de conhecimentos, muitos deles completamente inúteis. Instruir não é educar. Educar é preparar para a Liberdade. E Liberdade não é o mesmo que Libertinagem.

...

in «A HORA DO LOBO» © Josefina Maller (a aguardar publicação)

Web site da imagem: amigosdosanimaisnv.blogspot.com



segunda-feira, 15 de novembro de 2010

SORRINDO AO ENTARDECER...



As águas fugiam do meu ser

e sozinha fiquei

na margem do rio
sorrindo

ao entardecer...



       Josefina Maller

terça-feira, 2 de novembro de 2010

NOTAS PARA UMA REFLEXÃO SOBRE A INTERFERÊNCIA DO HOMEM NA VIDA DO PLANETA




NOTA PRIMEIRA


Depois de criado o Céu, e de separadas as águas da terra, e de a luz ter alternado com as trevas, e de as estrelas iluminarem o firmamento, e de o Sol e de a Lua distinguirem os dias das noites, vieram as plantas de todas as espécies, desde os mais frondosos embondeiros, à mais pequenina e frágil flor da planície, e nasceram então os verdes prados e os silenciosos bosques.

Vieram depois os animais marinhos, igualmente de todas as espécies, e coloriram as profundezas do mar.

Vieram as aves, aladas, e dominaram as alturas. Vieram todos os animais terrestres, desde os mais fortes, às mais delicadas borboletas.

E só depois de todas as criaturas terem experimentado, por uns breves tempos, uma vivência pacífica, num paraíso feito de harmoniosa beleza, surgiu, por fim, o homem, que não veio só. Com ele veio também aquela que, dali em diante, daria vida à vida – a mulher.

E este foi o início do caos.

© Josefina Maller

Origem da foto: http://www.meupapeldeparedegratis.net/fantasy/pages/lost-paradise.asp